sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Lula: Dois pesos, duas medidas!

Quem não está meio que decepcionado com a negação de extradição do 'bandido' Césare Battisti? Mesmo, e apesar das interpretações jurídicas do caso, não deixa de ser meio frustrante para o povo brasileiro saber que mais um bandido estará bem protegido sob as asas desta terra mãe gentil, que já concede tantos 'direitos' a tantos outros.

Como aceitar a interpretação diferente da mesma lei que autoriza este asilo político e não aos boxeadores cubanos que apenas queriam viver com mais dignidade e ter mais oportunidades em seu esporte?

Ao que parece, dois pesos e duas medidas são utilizados em casos semelhantes. Apesar de entender bem que a formalidade jurídica por vezes autoriza e em outras nega com base em uma simples vírgula, há de se pensar um pouco mais amplo neste caso.

Sabe-se pouco acerca dos que realmente foram punidos nos casos de corrupção envolvendo o PT, que mantinha discurso de punição exemplar nos casos idênticos nos governos anteriores; pouco se ouve falar acerca do Lulinha assumir a direção de uma mega empresa como a OI sem ter capital suficiente para tal, contra a crítica ferrenha de outrora sobre favorecimentos; elege-se uma 'forasteira' política como presidente de nosso país, à despeito de todas as reclamações de uso da máquina e do poder econômico de outras campanhas aonde o PT foi derrotado.

A medida para o peso de nossa justiça parece sempre depender de quem aciona e de quem é acionado. Não há critério específico, nem ao menos interpretação comum das mesmas palavras. Há distorções tendenciosas a todo tempo. Como se costumava dizer na faculdade de Direito, 'Para os amigos, a justiça; para os inimigos, a Lei!'.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Despedidas de Lula?

Quem há de se iludir que o presidente Lula da Silva está realmente se despedindo do poder?
Será que alguém alimenta esta doce ilusão?

Pensemos que a indicação de Dilma Rousself foi no mínimo esquisita, diante de nomes bem mais tradicionais dos quadros do PT como Aluísio Mercadante, Eduardo Suplicy e outros poucos que escaparam ilesos e meio que por milagre de tantos escândalos financeiros e políticos durante esses 8 anos.

Não poderá ser simples coincidência ou pura competência a indicação de Dilma à presidência. Não conseguirei pensar diferente de que é um acordo político ou uma estratégia para um novo mandato Lula daqui a 4 anos. Não me enganarei que ele, Lula, não vá estar por trás das ações e decisões deste 'novo' governo, influindo em tudo e em todos para que se propague essa bolha de popularidade.

Um nome que surge do nada como o da Dilma, me parece a história de um amigo que casou com uma mulher culta e financeiramente mais estável que ele, e da qual se separou  para casar com a amante, com nível cultural mais baixo e sem renda definida, só para poder controlar melhor as situações que seriam de seu interesse.

Esqueçamos os discursos de despedida, os agradecimentos emocionados, as falas nos púlpitos da vida em tom de 'meu povo, já vou!', pois ele não irá!

sábado, 25 de dezembro de 2010

Milícias Políticas!

Todos já ouvimos falar da existência de milícias em nosso país, principalmente na zona rural onde fazendeiros montam pequenos exércitos para protegerem suas fazendas de possíveis invasões. Internacionalmente, a mais famosa é sem dúvida as FARC, Colombiana, e que é responsável por boa parte das piores páginas da história daquele país.

O último aumento dos salários dos parlamentares, agora no descerrar das cortinas do governo Lula, me induziu a uma analogia inevitável: existem as milícias políticas no Brasil!

Sim, existem! Acha que não? Pois olha só: massacram e perseguem os que não lhes são a favor; fazem suas 'justiças' com as próprias mãos e canetadas, independentemente do que o povo possa achar correto; e, de quebra, ainda andam todos com a mesma farda!

Só há uma diferença que é marcante entre as milícias políticas e as FARC: esta tem uma ideologia dominante, enquanto para àquelas qualquer ideologia serve.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Uma unanimidade!

Dizem que toda unanimidade é burra! Sim, já ouvimos muito isso por aí! Digo, hoje, que nem toda!

Temos uma unanimidade que, longe de ser burra, é mais que merecida: Caubyr Machado!

Nos meu 46 anos de vida, nos 50 de meu irmão, nos 74 de minha mãe e nos tantos outros de todos vocês,  nunca se ouviu nada diferente de 'O Caubyr ser um homem justo, honesto, cordial, humano, gentil, humilde, conciliador, pacificador, bom pai e bom marido...', e por aí vai!. Enfim, não há - pelo menos nunca chegou aos nossos ouvidos nem aos ouvidos de nenhum dos presentes aqui, tenho certeza! - opinião diferente ou que denegrisse qualquer conduta dele. Então, uma unanimidade! E uma gentil e correta unanimidade.

Conversando com um amigo, ele me disse que 'o Tio Caubyr foi chamado porque lá em cima o bicho devia tá pegando; a coisa devia tá meio feia, e precisavam da ajuda dele por lá; sabe como é..., pra controlar a situação!'

Tento decifrar este homem com estas poucas palavras exatamente para, se possível, ser fiel à sua simplicidade como pessoa, como ser humano; que considerou a todos como únicos e importantes em si mesmos; que nunca desfez ou magoou a alguém propositadamente; que viu a vida com olhos de quem sempre entendeu seus mistérios e suas complicações e, nem assim, se assustou; que foi sereno em todos os momentos, até mesmo em seus últimos, com a resignação dos fortes e a compreensão dos sábios; que deixou importantes exemplos com seus silêncios, e que fazem enorme barulho dentro dos que com ele conviveram.

Em momentos como estes, sempre lembro de uma frase que nunca me saiu da cabeça - e nem saberia lhes dizer como entrou: 'A tristeza de tê-lo perdido não nos fará esquecer a alegria de tê-lo possuído!'

E é assim, Caubyr Machado: perdemos, hoje, o marido, o pai, o irmão, o avô, o sogro, o amigo, o aconselhador sereno, o complacente criterioso. Mas ganhamos, todos, um anjo provedor e protetor!

Esteja em paz, Caubyr, bem cuidado e cuidando com o zelo de sempre do que Deus doravante lhe incumbir!

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Vejam lindo texto sobre meu pai, carinhosamente escrito por Eveline Machado em http://evelinemmachado.blogspot.com.br/search?updated-max=2011-01-10T18%3A50%3A00-03%3A00&max-results=7
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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

UNE... o que é mesmo!

Se bem me lembro, UNE representava União Nacional dos Estudantes. E se bem me lembro ainda, estudante nunca foi gente que teve lá muito dinheiro disponível.

Imaginando como seria uma sede de entidade estudantil nos anos 60/70, é razoável pensar que não deveria haver lá muito luxo, nem lá muito espaço. Imagino algo meio que improvisado, num prédio improvisado - emprestado por algum simpatizante! -, com móveis improvisados, com equipamentos improvisados, cheio de ativistas voluntários, paredes grafitadas e pintadas com palavras de ordem, charangas e alguma baderna. Bom... desculpem-me, mas é assim que consigo imaginar.

Qualquer que tenha sido a agressão sofrida por esta entidade nos anos de chumbo, acredito que nenhuma explicaria uma indenização de R$ 30,0 milhões hoje, ainda mais se tiver sido apenas a destruição de sua sede, como disseram. O que eles tinham de tão valioso assim que possa ter gerado tamanho prejuízo! O dano moral foi tão gigantesco assim? Fico a imaginar!

De qualquer forma, é inconcebível que uma União de Estudantes possa vir a ter um prédio como o da maquete mostrada na reportagem da Rede Brasil Atual - http://gestao.redebrasilatual.com.br/temas/politica/2010/12/lula-lanca-no-rio-pedra-fundamental-da-nova-sede-da-une - e com projeto de Orcar Niemeyer. É um acinte à boa-fé do povo brasileiro!

E afinal de contas, a UNE ainda é uma entidade estudantil? Ou uma multinacional importante? Ou um partido político, e dos grandes? O que foi que eu perdi? Perdi alguma coisa? Não estou mais entendendo nada!

Cadê esse povo todo!

Somos sempre bombardeados pela propaganda governamental de aumento de matrículas na rede pública de ensino ano após ano, e não se vê qualquer melhora cultural ou educacional em nosso país. Aonde este pessoal todo vai parar, no exterior?

O INEP divulgou hoje que 42,9 milhões de matrículas foram realizadas na rede pública de ensino neste ano de 2010. Some-se a isso o número de jovens que 'concluiu' o ensino médio e ingressou nessas faculdades da vida - que se proliferaram como ratos de esgoto, a sugar detritos das escolas todas e a expurgar escórias profissionais! -; some-se, ainda, os que concluíram este ensino 'superior'; some-se, até, os que ficaram pelo meio do caminho tanto no ensino fundamental, quanto no médio, quanto no superior e que, afinal, aprenderam alguma coisa. Aonde está este povo todo! Porque, então, não se consegue melhorar o nível cultural de nosso país, que, ao contrário, só bate recordes negativos nos índices comparativos de escolaridade nas pesquisas internacionais!

Não há necessidade de ser gênio para tirar uma conclusão óbvia disso tudo: a resposta está no 'o que' e no 'como se ensina'!
O Brasil é o país do 'faz-de-conta': faz de conta que ofereço ensino de qualidade e faz de conta que os alunos estão estudando e aprendendo. Isto basta pra fazer propaganda!

Greve vira moeda de troca desonesta!

Ninguém haverá de pensar que o direito de greve é absurdo. Claro que é legítimo por ser o último argumento de negociação, já que nosso sistema judiciário 'delega' ao próprio trabalhador a obrigação de fazer valer seus direitos, mesmo contra o poderoso capital; como se tirasse de si - o judiciário - o problema.

O aspecto social deve sempre ser lembrado e considerado como importante em qualquer negociação entre categorias profissionais relevantes à população, incluindo-se aí a saúde, o setor bancário, a educação, os serviços públicos em geral, aeroviários, dentre outros.

A greve já anunciada pelos aeroviários para ser deflagrada agora no próximo de 23/12 é uma grande covardia social, um descaso completo e um desrespeito ainda maior com os que 'pagam' os seus salários, afinal. Quantas famílias estarão separadas nesta data por mera 'necessidade' de uns poucos? É correta a escolha desta data? Não será apenas a utilização da desgraça alheia em benefício próprio? Há o resto do ano para isso e com várias datas menos prejudiciais à população e com igual prejuízo aos empresários, tenho certeza.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Esporte aculturado.

Temos alguns orgulhos nacionais para massagear nosso ego de patriota tupiniquim: Pelé, Zico, Acelino Popó, Família Grace, entre outros poucos exemplos, todos esportistas que iniciaram e permaneceram treinando no Brasil e, mesmo assim, brilharam em suas modalidades esportivas.

Não é de agora que atletas das mais diversas modalidades dão apenas os primeiros passos em sua terra natal e escapolem para o exterior na intenção de aprimorarem suas técnicas e treinamentos, lançando mão de profissionais mais experientes e à caça de bons salários. Natural, acho, já que suas intenções são de atingirem níveis que não existem no nosso país, pela falta de tradição na modalidade escolhida ou por falta de gente especializada e apoio, vez que os investimentos aqui sempre são ínfimos em tudo.

Duas coisas me chamam a atenção neste tema.

Primeiro, há uma vibração exagerada e sem cabimento, a meu ver, quando um César Cielo, a exemplo, ganha uma medalha olímpica ou outra prova importante qualquer. Costuma-se lançar mão desse destaque para elevar a imagem do Brasil no esporte. Penso que é fazer cortesia com o chapéu alheio, já que este rapaz, talentoso sem dúvida, não tem do nosso país uma gota sequer de investimento em seu sucesso. Seu treinamento foi realizado integralmente em outro país e nós apenas pegamos carona em suas realizações, aproveitando o fato de ele haver nascido por aqui; apenas por isso.

Segundo, agora no futebol especificamente, há um descompasso entre a arte e as finanças. Explico: um jogador como Ronaldinho Gaúcho aprende a jogar do jeito brasileiro, aquele jeito moleque, debochado, despretencioso, desobrigado com a perfeição e, mesmo assim, é perfeito. Esta sempre foi a maior característica do nosso 'futebol arte', e por estes detalhes é que fomos os melhores do mundo por várias décadas.
Ocorreu uma debandada de bons atletas para os campos da Europa, principalmente, por conta dos altos salários ofertados. Certo, até entendo que o atleta deva aproveitar essas oportunidades de ganhar bem e ver suas habilidades valorizadas. Mas este fato encerra um processo maléfico para o nosso futebol: o atleta é obrigado a adaptar-se ao jeito europeu de jogar e isso substitui a arte moleque dos campos de várzea, por conta do estilo comedido e disciplinado do velho mundo; descaracteriza o nosso jogador e lhe transforma em apenas mais um europeu, não sendo mais um 'brasileiro bom de bola'.
Por conta desta descaracterização é que temos o nosso futebol se nivelando aos dos europeus, africanos, gregos, etc; nivelando, que me perdoem todos estes, por baixo. Deixamos de ser hegemonia no futebol pela simples e natural descaracterização de nosso atleta, que antes era um artista.

Vejo, portanto, que não nos resta outra atitude que não a de fazer nosso atleta optar entre ganhar muito dinheiro em campos alheios ou ficar e ter a grande chance de representar sem país na nossa grande seleção brasileira. Não iria, nunca mais, juntar as duas coisas. Se optasse por ganhar dinheiro, esqueceria de vez as possíveis convocações para a nossa seleção.

Em sendo técnico, não escolheria atletas que foram jogar fora do país para compor minha seleção. Quero o futebol arte de volta, que só existe nos campos de areia das periferias de nosso país e que se traduz em lágrimas nos 190 milhões de devotos. E sei que entre os inúmeros times e trocentos milhões de atletas que temos espalhados por este nosso Brasil, há de se ter 30 excelentes 'peladeiros'.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Devo ter cara de idiota mesmo!

Na cerimônia de diplomação, o Deputado eleito 'Tiririca' declarou que 'já estava estudando a Constituição' para poder atuar com eficiência. Sei... entendo...devo acreditar mesmo nisso?

Para alguém que passou inacabáveis 9hs decifrando uma manchete de jornal escrita em letras garrafais e escrevendo uma frase de 10 palavras, das quais 8 foram escritas erradas, sei que ele deve estar falando muito sério mesmo.

Já inicia com os vícios dos profissionais. Pode não saber nada acerca do exercício do cargo, como declarou em campanha, mas já começou aprendendo pelo tópico que mais interessa: a dissimulação.

Acho, até, que ele nem precisa estudar a Constituição; afinal, muitos dos que lá gravitam há anos nada conhecem dela também!

Mas o Tiririca provou já trazer em si a maior das qualidade dentre a classe política: tratar o povo como idiota!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

ICC - Um patrimônio dos Cearenses!

Cada situação na vida é especial. Umas boas; já outras, nem tanto.

E para essas que não são tão agradáveis assim é que existem instituições que agregam profissionais das mais diversas área, para nosso auxílio e conforto. O que posso fazer é oferecer meu testemunho acerca de uma dessas instituições 'para horas não tão boas assim': o Instituto do Câncer do Ceará - ICC.

Há aproximadamente 6 meses, foi detectado um câncer em meu pai. Desde então, estamos circulando por este instituto, e entre tantas idas e vindas não houve um só dia em que não fôssemos muito bem recebidos, tratados, considerados e atendidos, tanto pelos mais graduados profissionais da área como pelo mais simples servidor.

Por nosso eterno 'sofrimento' em intermináveis filas e por gravitar entre grosserias e descasos de servidores dos mais diversos órgãos públicos de nosso país, é mais que normal a reclamação, o descontentamento, a sensação de descaso, a incompetência, a eterna agressão à cidadania, enfim.

Porém, quanto ao ICC, não há como construir qualquer crítica ou expressar o mais singelo desassossego. Como se de um grande centro fosse, do material ao atendimento, da orientação à execução coerente e segura, da limpeza à alimentação, tudo é do mais alto nível e demonstra um extremo cuidado e atenção com todos os que dele se socorrem.

Fica, aqui, o agradecimento sincero de toda a família Machado, em nome de meu pai e de todos nós que ainda percorremos seus corredores.

Quais os parâmetros de nosso judiciário?

Maluf considerado 'ficha limpa'; contas da Erundina aprovadas pelo TCU após 19 anos de análise; Rosinha Garotinho liberada pela justiça para assumir prefeitura de Campos novamente; Tiririca sabe ler e escrever, após 9 horas de tentativas de interpretar uma simples manchete de jornal; e tantas outras notícias nesta linha nos aparecem todos os dias sem que saibamos bem o que nosso judiciário e órgãos fiscalizadores estão fazendo.

Espanto geral a cada nova manchete! E fico a pensar no que se baseia a justiça no Brasil, se em Leis, se em acordos ou chantagens, se em interesses políticos, se econômicos ou se em todas essas coisas ao mesmo tempo.

Em todas essas coisas ao mesmo tempo, só que não necessáriamente nesta ordem. Ao que parece, a ordem é acordos e chantagens, econômico, político, e, por último, a Lei. Na faculdade de Direito havia uma máxima que dizia: 'Para os amigos, a justiça; para os inimigos, a Lei!'. E é assim em nosso jardim florido chamado Brasil, onde a cada novo ano novas e velhas 'tulipas', com bocas bem abertas e sedentas, nos chegam ao poder, insaciáveis e insandecidas, querendo recuperar o tempo perdido ou ainda não aproveitado.

Botox: A vaidade da morte!

A cultura da beleza protagoniza capítulos lamentáveis, onde até jovens chegam a morrer nas mesas de plásticas e em tratamentos hediondos.

Um desses tratamentos é o 'Botox' que nada mais é que a mesma Toxina Botulínica, enfraquecida em sua atuação mas que é a mesma responsável pelo Botulismo, doença grave geralmente adquirida através de conservas estragadas ou mal acondicionadas.

É inimaginável que, pela simples vaidade - muitas vezes desnecessária mesmo! -, se arrisque a vida com a utilização de uma toxina tão maléfica à saúde. E até sem ter a certeza de quem as produziu e distribuiu.

Pra variar, Ana Maria Braga, em seu programa exibido ontem, dia 15/12/10, e com sua voz de bêbada, omitiu essa informação tão importante em sua 'entrevista' com um médico. Mas não era de se esperar muito mais, tratando-se de um programa fútil e estruturado apenas em banalidades e falta de informações relevantes.

Adote um político necessitado!

Vamos pensar um pouco: quem é pai e mãe sabe que deve orientar seus filhos até que atinjam uma plena cidadania, o que implica saber de seus direitos e deveres e, acima de tudo, respeitar os direitos e deveres dos demais cidadãos. Este raciocínio encerra a certeza de que temos a obrigação de direcionar, aos que pouco conhecem, no bom caminho da honestidade, do caráter, da responsabilidade - inclusive social! -, no empenho com o trabalho, etc.

Por conta disso, lanço a campanha 'ADOTE UM POLÍTICO NECESSITADO!'... necessitado de aprendizado da cidadania mesmo, como falamos acima.

Escolha um político e passe a acompanhá-lo; e insista, como se um filho fosse, em sua boa formação. Cobre-o como a um filho; faça isso incansavelmente, até que ele esteja bem 'formado' para a convivência social. Não se descuide dele. E divulgue as suas cobranças; divulgue seus erros; mas divulgue, também, e como incentivo, seus acertos; tudo como se um filho fosse.

Espero que possamos melhorar nossa classe política, tão enxovalhada pelos maus. E eu já estou escolhendo o 'meu'!

http://bit.ly/dGrVnn

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Separatismo: ainda é a bola da vez!


A celeuma que a Mayara Peluso criou - ou, em minha visão, apenas tirou o véu que sempre o cobriu! - não é apenas a da discriminação contra os nordestinos; vai mais além; vai muito mais além; beira, novamente, a terrível e nefasta empreitada que há anos existe: o separatismo.

O movimento separatista existe há muitos anos, com a mesma alegação dela: a de que o sul e o sudeste "sustentam" o norte e o nordeste. 

Na época que morei em São Paulo tive a honra de ser convidado a participar de um debate em uma rádio acerca deste assunto, e já em 1991 havia forte movimento separatista por lá, chegado do Rio Grande do Sul e catalizado, no caminho, pelo Paraná e Santa Catarina.

Dizia eu, já naquele programa, que eles - sulistas - deveriam voltar para seus países de origem de onde seus avós e pais fugiram pra escapar da miséria e da morte, consequências das épocas de guerra. Refugiaram-se em nosso país (benévolo país) e, agora, passado o desespero, acham-se no direito de reinvidicar uma parte dele, como se alegasse usucapião.

Ora... pois que retornem, então, aos seus países de origem, de onde, na realidade, seus antepassados nunca deveriam ter saido. Se nosso país não lhes serve por suas diferenças regionais, característica inevitável a um quase continental,  que voltem para os seus, que bem sabemos não são mares de tranquilidade. E, diga-se de passagem, essas diferenças regionais que enfrentamos tem muito na conta deles mesmos, que ao longo de tantas décadas elegeram presidentes e canalizaram os recursos federais apenas para desenvolver suas regiões, negligenciando (até de propósito) o norte e o nordeste. De onde, afinal, seria arregimentada a mão de obra barata pra construir suas metrópoles? Para que oferecer boa educação formal para povo nortista que se sujeita a pequenos trabalhos e dos quais tanto precisavam para manter seus estilos de vida européia e asiático?

A ideia propulsora desse movimento separatista é lastreada pelo conceito econômico, não tendo nenhum vestígio de social: deixar de dividir a arrecadação e concentrá-la apenas no sul e sudeste do país, notadamente as regiões de maior produção e geradora de impostos.

Esquecem-se que vivemos numa república federativa, onde toda a riqueza deve ser dividida equitativamente por todos, até, e exatamente por isso, pelas desigualdades sociais herdadas desde nossa colonização.

Vejo este movimento como se alguém fosse passar uma temporada na casa de um amigo, por estar passando dificuldades financeiras e sendo gentilmente acolhido, para, depois, tomar-lhe a casa.

Não necessito nem falar, aqui, do quanto o nordestino é responsável pelo desenvolvimento das regiões baixas do país. Todos sabemos.

O que entendo é que o sul foi e é privilegiado e não pode, agora, simplesmente virar as costas para o norte e o nordeste, tanto mais por haverem conseguido - por seus próprios méritos, claro! - melhorado o nível de suas escolas púbicas, o que ainda é ralo em nossa região. A partir do momento que estivermos em pé de igualdade em investimentos e oportunidades até poderei analisar de forma diferente este assunto. Por agora, vejo uma simples covardia e um nefasto oportunismo.

Portanto, vejo o problema bem maior que o que simplesmente a declaração dessa Mayara encerra. Sinto que o sentimento separatista continua tão aflorado quanto antes, o que nos deve chamar a atenção muito mais fortemente que a simples discriminação racial que ficou mais em evidência neste momento.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

É dela, de quem falo!

Estou eu aqui, em Viçosa do Ceará, preocupado com a saúde de meu pai. Ele não está bem, todos sabemos!

Mas... e minha mãe!

Volto no tempo e lembro de minhas desavenças com ela. Natural, interpreto agora, por minha imaturidade -ou alguma maturidade, nem sei! -,por minhas inseguranças da adolescência, minhas arrogâncias de jovem ariano, minhas certezas de homem maduro, quem sabe! Culpa? Não, não as tenho! Sei que aprendemos com o passar dos anos, com a vida; e como não sabia de muitas coisas, não posso me culpar!

Mas lamento sim, por outras!
Acho, hoje, que fui injusto com ela em alguns momentos, por minhas discussões, por minhas ideias divergentes, por minha impaciência, por não entender muito bem que tudo o que ela queria, almejava de coração mesmo, era nosso bem, nossa união, de toda a família. Sei de sua história e de suas “durezas” na vida. E sei, também, que não é tarde pra reconhecer o seu valor em nossas vidas. Sei que falo por mim, pelo meu irmão e pelo meu pai, tenho a certeza!

Apanhei, fiquei de castigo, chorei, perdi férias; fumei cigarros um atrás do outro, por haver sido descoberto com eles ainda criança; não pude correr da cinta pra não piorar a surra; chorei muito por não poder acompanhar meus amigos em suas noitadas; não ganhei um violão nos meus quinze anos; não tive roupas de griffe como os outros; não pude dirigir aos 16, 17 anos como todos os amigos faziam; tive que respeitar os mais velhos; tive que aprender a tabuada; se chegasse na casa de alguém, jamais poderia mexer nas coisas; tive que comer toda a comida do prato; e, hoje, entendo o por que de cada uma dessas coisinhas.
Lamentei demais a morte de meu irmão mais velho... Imagino, a ela, com a morte dele; imagino, a ela, com a morte de sua mãe; imagino, a ela, com a morte de seu único irmão; imagino, a ela, com a morte de seu pai, mal conhecido!!!

E nem assim esmorece!?!?!

Como pode trazer em si tanta força, tanta garra!!! De onde vem tudo isso, se seu único exemplo de vida foi sua mãe, que há tanto perdeu; se, depois dela, seu novo único exemplo é meu pai, companheiro, zelador que foi de toda uma vida!!! Também, pudera: com exemplos desses...!!!

Há fardos carregados por toda uma vida. Espero, hoje, e de coração, não ser apenas mais um deles.
Mas percebo que sua vontade de viver, de progredir, de melhorar, é muito maior que todas as agruras que a vida lhe reservou, lhe desferiu. Sei que Deus não impele fardos mais pesados do que o que temos capacidade de carregar. E ela é assim: carregadora de fardos sem que os ombros sintam, sem que deformem, sem que desfaleçam. Ela é assim; e gosta de ser assim; e quer ser assim; prefere ser assim!!!

Como poderia, se assim não fosse, enfrentar um casamento desconhecendo o que dele resultaria, sem saber o que devia ser feito por uma mulher? Como teria entendido que deveria recomeçar a estudar após os 40 anos de idade e, seguindo, se formar em Direito, concluindo o curso com méritos maiores que os recém ingressos na idade certa? Como estaria ela, agora, vivendo e enfrentando qualquer coisa que vier sem ter tido uma única orientação de seu pai? De onde viria a vontade de aprender acerca de internet, e-mails, celulares, artesanato? Desafios enfrentados com os acidentes de meu irmão; de minha ausência em sua casa; de netos pouco presentes?

Entendo que sua vida é uma maravilha que Deus concede a poucos: aprender tanto em tão pouco tempo; numa única vida! Ela perceberá!

Seus exemplos estão por toda a parte, em minha vida, na vida da nora, na vida dos netos, nos amigos, no outro filho, mesmo que não seja externado ou aparentem não ser percebidos. Sua conduta é exemplo de mulher ativa; até altiva, de certo; mas, antes, ativa!

Defeitos, claro que os tem! E quem não?
Mas, cuidadora, não passa nada despercebido, seja a viagem da neta, sejam as necessidades dos filhos, seja o bolo que a nora gosta; nem o almoço do carroceiro na porta de casa; se o Louro chegou, almoçou, jantou. Não se desliga das datas nunca: aniversários, casamentos, falecimentos, construção da casa, mudanças de cidade, compra da mobília, nada. Está sempre pronta a tomar a frente das coisas, como se sozinha no mundo fosse - chega até a esquecer que tem filhos que se preocupam com ela. Tem sempre a necessidade de ser mais do que pode, achando que ainda tem idade pra tudo! Ela é assim: indestrutível, turrona, franca, chorona, amável e dura, tudo ao mesmo tempo!!!

E é assim, essa minha mãe: pouco se importa com ela, colocando sua família sempre antes dela própria.

Minha mãe, tenho a lhe dizer: não está, nunca esteve  e nunca estará sozinha no mundo. Desses dois filhos que lhe restaram, cem por cento lhe ama e lhe cuidará para sempre. E de tudo o que a senhora ousar pensar que Deus possa lhe ter negado, seja felicidade, seja tranqüilidade, seja paz, lhe será provado o contrário!!!

Ao final, sei que não poderia, a senhora, estar bem neste momento; nem nós! Mas estaremos juntos, aconteça o que tiver que acontecer... sempre! Somos poucos em nossa família, mas nunca estaremos sozinhos!

domingo, 15 de agosto de 2010

Do lado de lá do Ceará!

Ginásio Santo Tomás de Aquino, bairro de Fátima, colegial em curso; carioca de nascimento, criado em Fortaleza e com o “arre égua” já bem marcado, lembro que ficava angustiado em todas aquelas datas comemorativas como Natal, Ano Novo, Carnaval e férias escolares, quando meus amigos diziam que passariam estes dias em suas cidades; em suas cidades no interior; eles tinham uma cidade deles, das quais eles e suas famílias eram parte integrante!
Eu guardava uma discreta inveja e uma explícita curiosidade de como seria a vida por lá. Eu nada conhecia do lado de lá do Ceará!

Aporto, porém, em Viçosa há 4 anos. Pronto, pensei: tenho agora a minha cidade do interior! E me empenhei em conhecer este outro lado da vida. Finalmente teria a minha chance, após quase 40 anos. Tarde? Que nada!

Nesta cidade pequena, linda, de povo pacato e simples, fui me inserindo aos poucos, conhecendo as tradições antigas e já perdidas; outras que ainda resistem aos novos tempos, todas religiosas; a tapioca, o milho, a garapa; as figuras típicas como o quase centenário Alfredo Miranda, dono do pife mais famoso do lugar; o Zé Músico, responsável que era pelas serenatas nas janelas das moças há até 15 anos atrás – a saúde já não o permite mais; Seu Chiquinho, que se autodenomina Cônsul de Viçosa, e em cujo consulado, misturado com uma venda de cachaça artesanal, todos passam para assinar o livro de visitas e "ter sua permissão para transitar livremente pela cidade”, segundo ele mesmo decreta. Coisas ímpares do lugar, por serem só deste lugar!

Como um metido observador e já me sentindo radicado, passei a tentar entender algumas coisas curiosas que começaram a me chamar a atenção logo pouco tempo depois de instalado.

Não entendia o porquê de, apesar das grandes realizações na área da saúde, divulgadas exaustivamente pelo prefeito em sua rádio particular e única na cidade, com seu brado ecoando da sala ao quintal das casas que atravessam quarteirões; apesar de o hospital ser muito bem equipado e contar com um quadro de excelentes profissionais, ele próprio, o prefeito, e seus familiares, tanto quanto algumas famílias tradicionais, todos sempre se tratarem nas melhores clínicas particulares da Capital; nunca na cidade! Bateu uma curiosidade...!
Acreditem que cheguei a ver pessoas ingratas, de certo, reclamando que faltou este ou aquele remedinho na farmácia da prefeitura. Olha só!

Estranhava o fato de todos os filhos dos diretores das escolas municipais estudarem nas poucas escolas particulares do município; de os filhos do prefeito estudarem no Ari de Sá, em Fortaleza, apesar do maciço investimento em educação realizado e amplamente divulgado pela prefeitura. Que coisa...!

Ficava chateado ao ver que nenhum dos membros das boas famílias da cidade participava dos grandes eventos patrocinados pela prefeitura, sempre organizados com grande esmero e capricho. Poxa, que falta de consideração, não!

Tinha pena ao ver que, apesar dos imensos gastos com a infra-estrutura da cidade, ainda não haviam conseguido evitar que o esgoto escorresse livremente por todas as ruas, em valas pequenas; não conseguiam nem tampar os buracos da cidade; nem, ao menos, conseguiam reformar o prédio da prefeitura, prestes a desabar. Como única solução viável, alugaram um outro prédio, de algum conhecido, para sua nova sede. Lógico, não é!

Hoje sei que passei a conhecer uma cidade do “faz de conta” instalada entre belos jardins e casarões tombados pelo Patrimônio Histórico Nacional; que se faz pelo povo apenas o ínfimo necessário que valha para discursos. Percebi, ainda, que não é “privilégio” apenas deste lugar, mas de todas as cidades, estados e países onde o poder é centralizado pela mesma casta e por um longo tempo.

Mas fazer o que, agora? É a minha tão sonhada cidade do interior. E por ela escrevo!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Roda Viva!

Um dos grandes problemas de nossa sociedade é a roda vida em que ela própria nos envolve: ganhar mais para gastar mais; ganhar mais ainda porque gastou demais!

Esta foi a quebra que fiz em minha visão; este foi o ciclo que quebrei em minha vida. E lhes asseguro que não é fácil: meus amigos ainda são os mesmos, ando nos mesmos ambientes - só que numa frequência menor, claro! -; continuo gostando das mesmas coisas. A pressão social existe sim, mais ainda de nossos prórprios familiares. Mas continuo a ter o respeito e a consideração de todos; da grande maioria, para não errar; de alguns, até mais que antes.

Para se viver com dignidade, não se necessita de tanto assim (eu que penso!). O consumismo desenfreado é que nos impele à sacrifícios enormes, entre estes o esquecimento de nossa qualidade de vida e do bem-estar emocional de nossa família, só pra exemplificar. Em geral, abrimos mão de aspectos importantes de nossas vidas pelo "dinheiro" que se deve ganhar, acumular.

E há coisas impagáveis, que estão inclusas nesta feliz frase da poetisa Glória Diógenes: "Acho que a vida pede passagem para tantas dimensões dela própria, e que ficam esquecidas!".

Há de se definir o que realmente importa a cada um de nós e, a partir desta constatação, agir em direção a elas! Não quero em momento algum insinuar, sequer, que minha opção é a mais correta! Só sei que somos, ao final de tudo, apenas a soma de nossas escolhas!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Ano Oitenta; Oitenta Anos!!!


Oitenta anos de meu pai.

Observo que é um feito incrível se chegar aos oitenta anos hoje em dia, num mundo de tantos riscos, compromissos, sobressaltos, chateações, doenças modernas e antigas. Enfim, quem chega aos oitenta pode se considerar um heróico sobrevivente, apesar da moderna ciência constatar e contribuir com a longevidade. Mas a ciência só cuida; não cria nenhum ser vitorioso!

Tá certo que ele, meu pai, não foi um cara que correu grandes riscos. Acho, até, que o maior deles foi ser carteiro num tempo em que ainda nem havia Pit Buls, mas que o sol já pegava forte. É... jogou futebol no Gentilândia, mas conseguiu escapar ileso dos zagueiros. Nunca fez um vôo livre, nem rapel; nunca usou drogas (exceto o cigarro!); nunca bebeu, nunca pulou de pára-quedas ou mergulhou com tubarões e arraias; nunca fez um cavalo-de-páu; nunca empinou na motocicleta ou andou a 160 p/hora; até hoje, detesta buchada e panelada; não foi um cara de virar noites em farras ou ter que sair correndo dos garçons de bares, dando aqueles famosos “chechos”; nunca namorou com mulher de policial! Correu poucos riscos na vida, é bem verdade!

Lógico que tudo isso favorece para se chegar aos oitenta, claro! Quem pode negar!!!

Mas o que há de verdadeiramente fantástico em ele chegar aos oitenta é por ser uma unanimidade: pela gentileza, pela educação, pela simpatia; por sua honestidade, por seu respeito aos outros, por sua cidadania; pela ajuda aos que necessitam, pelos aconselhamentos, pela cultura. Sim... aí, sim, é fantástico! E exemplo raro!

Defeitos...óbvio que os tem; e quem não? Mas, mesmo com eles, foi e é exemplo pra muita gente, tanto mais para os que convivem amiúde.

Sereno como ele só, chegando às vias da indiferença; só impressão. Calmo ao extremo, parecendo, por vezes, apático; impressão. Econômico nas palavras e gestos, como quem diz “não tenho nada com isso”; impressão. Sempre magro e de aparência frágil, transparecendo pouca resistência; mera impressão: quem o acompanhou no último ano que o diga.

Chega aos oitenta com pouca vitalidade, de certo, mas por sua longa missão já cumprida no que se propôs. Sua família sempre muito bem assistida em todas as necessidades básicas e, até, nas não básicas. Ansioso por achar que faltou cumprir parte dessa missão quando se refere aos filhos, esquecendo que a missão maior foi bem finalizada: são dois – e teriam sido os três – honestos, bons companheiros de trabalho, cidadãos do mundo, cheios de amor pela vida e pelas pessoas; humildes como ele; amigos fiéis e disponíveis; sentimentais, que choram com um filme ou uma música; que vibram com um texto bem escrito; que tem sempre uma palavra de ânimo a quem se chegar. Como não foi cumprida?!?!

Chegamos a esta data festiva com os corações realmente em festa, por Deus nos permitir a vinda no cerco deste que tanto da vida ensinou, mesmo que em poucas linhas: mais exemplos, menos palavras!

Que o que há de vir lhe venha como conforto, como alento e até como refúgio pelo tanto que já contribuiu no mundo. Que se chegue, a ele, o que de melhor e mais singelo puder vir de Deus, por todas as bênçãos que ajudou a proporcionar.

Beijo de todos nós... e dos tantos outros de quem nem ele lembra mais, mas que, de certo, adorariam, agora, poder dar!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Além da música!


Dia nove de Abril. Após uma cerveja rápida com meu irmão em nosso barzinho mais que preferido – O Carlinhos -, eu e a Milla nos entreolhamos e nos perguntamos quase que ao mesmo tempo: “E nós, vamos fazer o que agora?”.
- Pai, vamos lá no Vila Camaleão? Você vai gostar, tenho certeza!

Ela já havia ido a este local outras tantas vezes e eu sempre curioso quanto a quem frenquentava este lugar, o que rolava por lá, qual a temática do bar, o clima que imperava entre os adeptos, enfim, curioso como qualquer pai estaria e pelos mesmos motivos.

Chegamos por volta das 23hs e juntamente conosco, meio que já atrasado, o maior violonista desta cidade em minha opinião: Tarcísio Sardinha. Poxa... será que ele iria tocar também? – pensei! E, realmente, ele se misturou a uma pequena trupe que já estava no palco a sua espera e se deu início aí a uma das minhas maiores surpresas – e das boas!

O público básico deste “Vila Camaleão” está na faixa dos 16 aos 26 anos de idade, no máximo. Claro que eu, com meus 45, fiquei num cantinho bem escondido perto do palco; no gargarejo mesmo!

Localizado numa área de grande badalação entre os jovens, com várias boates psicodélicas, de muita gente no meio da rua com seus sons potentes nos carros a disputarem quem faz mais barulho, este destoa completamente de todos os demais, apenas pelo seu estilo musical: samba... apenas samba; nem pagode vale; apenas samba da melhor qualidade e de nossos maiores expoentes tipo Paulinho da Viola, Cartola, Adoniran Barbosa, Chico Buarque de Holanda, Toquinho e Vinícius, Gonzaguinha, Noite Ilustrada entre tantos outros.

Ví “crianças” cantando emocionadas – com as letras na ponta da língua - sambas como “Regra três”, “Vai Passar”, “É”, “Trem das Onze”, como se estivessem numa apresentação dos “Back Street Boys”, “You 2”, “Guns N' Roses”, ou sei lá mais quem faz sucesso entre eles hoje em dia. Numa situação completamente inusitada, cheguei a ver uma jovem chorando enquanto cantava – a plenos pulmões e com os braços levantados como quem agradece a Deus – o samba enredo “Um lençinho”, acreditem! Fiquei emocionado! Vi a mim há alguns anos atrás! Eu também já senti esse imenso prazer! Aliás, até hoje fico arrepiado ao ouvir algumas músicas! Choro as vezes, confesso! Eu e a Milla!

Percebi, aí, a notável mudança de comportamento que está em curso entre eles, jovens, benéfica que é e que nós pais tanto tentamos incutir em suas cabeças ao longo dos anos; uma verdadeira involução; sim, é isso mesmo; uso este termo por não encontrar outro melhor para tentar traduzir o retorno à valorização da música brasileira, da melodia bem construída, da poesia em cada letra; nossa real música popular, que perde espaço para chavões meramente comerciais e que nos fariam um enorme favor se não contivessem letras.

Encontrei diversos pequenos grupos de jovens reunidos em torno de suas mesas dançando, cantando, todos interagindo sem disputas, sem rusgas, sem agressões mútuas, numa diversão sadia, comportada, amena, amiga, reunidos em torno do mesmo bom propósito que era ouvir, dançar e cantar boa música; nada a mais!

Que alegria perceber que isso está de volta, que volta a existir; como no meu tempo, como na minha juventude era, como vivi há tempos atrás e que tenho orgulho de ter vivido. Conto constantemente à minha filha como nos divertíamos entre amigos, sem sustos, sem riscos, sem receios. Diversão segura e tranqüila, sem grandes excessos e cercado de pura alegria e de boa gente, sempre!

Parece haver, entre eles, um tipo de saudade do que não foi vivido, talvez pelo tanto que falamos e mostramos com nossos diversos exemplos de amizades com mais de 30 anos. Sabemos, hoje, que esta amizade quase anciã que sempre nos uniu advém do que vivemos em nossa juventude, dos inúmeros finais de semana vividos juntos e sempre muito sadios, em torno de músicas como estas que eles voltam agora a valorizar; dias em que pudemos nos divertir sem os riscos dos ambientes pesados que são uma febre hoje entre eles; de saber que a música influi diretamente no estado de espírito das pessoas e que podemos ser anjos ou demônios, dependendo do que escolhamos ouvir!

(Foto: Camilla Machado.)

quarta-feira, 24 de março de 2010

Não se pode saber de tudo!

Lembramos de muitas coisas que fizemos quando criança, jovem, adolescente e até adultos. Claro! Memória é algo muito seletivo e sempre selecionamos o que nos marca nas experiências tanto boas quanto más, como o primeiro beijo ou o dia em que matamos a primeira aula, a primeira namorada, aquele filme impróprio que conseguimos assistir com amigos – justo naquele mesmo dia em que matamos a primeira aula -; enfim, a primeira vez em quase tudo.

Apesar de nunca haver dado muitas preocupações a meus pais, cometi alguns graves erros imperdoáveis dos quais também lembro bem – já se vão 45 anos, e em 45 anos se comete uma infinidade de erros inevitavelmente, tanto mais no início deles; afinal somos humanos e imaturos espiritualmente, em geral!

Saber tomar esses erros como lição é, isso sim, a melhor forma de se amadurecer, de evoluir, de se engrandecer como pessoa e espírito. Se fizermos força para lembrar apenas dos nossos acertos, levianamente estaremos nos eximindo de nossa própria evolução.

Tudo isso ganha maior importância quando se tem filhos. Tentamos – e muitos tentam muito mesmo! – evitar que eles (filhos) saibam do que “aprontamos” quando jovens ou adolescentes. Óbvio, já que esperamos sempre que eles evitem passar pelo que passamos ou que façam com seus pais o que fizemos com os nossos! Que egoísmo; quão comodismo!!! O pior é que nos esforçamos nisso sempre na tentativa vã de evitar que eles repitam ou peguem como exemplo o que fizemos de errado, com o receito de que nos copiem. Ledo engano nosso: eles jamais repetem os mesmos erros da mesma forma; até cometem os mesmos erros, mas nunca da mesma forma; são sempre mais criativos, mesmo que nem tomem conhecimento de nossas histórias! É até incrível como conseguem isso!

De qualquer forma, essa é a lógica de nossa sociedade, de nosso comportamento, do nosso tempo. É natural que ajamos assim. E nunca conseguiremos agir diferente disso.

Esquecemos, por vezes, que assim como nós fomos criativos em nossa época para escondermos algumas coisas de nossos pais, assim também são nossos filhos, sagazes, sabedores do que somos e de nossas rotinas, conhecedores – o mais preocupante - de novas tecnologias e formas de agir sem que saibamos, o que para nós, pais, sempre nos trarão grandes surpresas.

Não somos diferentes de nada disso, eu e minha esposa. Ao contrário, hoje sabemos que somos muito comuns como pais de filha adolescente – e que já se acha muito adulta e madura. Aliás, conhecem algum adolescente assim!?!?!

Peça nova, peça antiga...; de algumas, até lembramos; outras nunca nem imaginamos! É assim mesmo! Tenho certeza, hoje, que meus pais pensaram da mesma forma que penso hoje, só que com fatos diferentes, com tecnologia inferior, com artimanhas menores, nos dando menos liberdade. Claro: também estamos ficando mais espertos e sabidos, como pais, a cada geração! Mas, infelizmente, nunca estaremos no mesmo compasso que nossos filhos. Lamentavelmente informo a todos!

Estávamos, até ontem, certos de conhecer muito nossa filha; hoje temos a certeza de conhecer menos do que imaginávamos; amanhã desconheceremos quase que totalmente! Será!!! Que coisa! Como pode! Isso é natural?

E o que fazer, então? Manter imutáveis nossos conceitos e o que somos? Alterar o que sentimos e entendemos como correto? Deixar de lado os antigos conceitos e absorver todos os novos, que se mostram ainda muito ineficazes?

Sei lá!!! Como saber!!!

Sei, hoje, que estamos nos adaptando a cada novo dia, e nos surpreendendo a cada nova atitude. Incluo nisso boas e más atitudes, de certo!

O que não deixaremos de fazer nunca é de amar incondicionalmente e trabalhar sempre para fazer nosso melhor, seja em relação a ela, seja em relação a nós, seja em relação a todos nós! Somos uma família e isso é mais significante que qualquer preocupação, decepção ou acepção que se venha a ter do verbo amar. E nisso está incluso até a dureza em algumas atitudes, o que também se pode traduzir em “amor”! E quanto mais deficiências detectarmos em nossos filhos, tanto mais teremos a certeza de que nosso trabalho ainda não terminou, seja em que fase da vida for!

Estaremos sempre atentos a tudo, mais ainda ao comportamento e as amizades, pistas importantes de no que estão se transformando nossos filhos!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Coragem é coragem... e pronto!

Resolvi “raptar” a Milla dia desses, e liguei pra ela:

- Milla. Põe um biquíni, veste um jeans que eu passo já pra lhe pegar.

- Aonde nós vamos, pai?

- Bem ali... é rápido... vamos de moto... chego já aí. Beijo!

Desliguei o fone, amarrei o capacete na moto e fui pega-la.

Estava pronta; montou na motocicleta e perguntou, ansiosa como só ela:

- Aonde é, pai?

- Bem ali...

- Alí aonde? Diiiiiiiz!!!

- Alí, em Guaramiranga... Parque das Trilas.... vamos fazer rapel hoje!

- Pai!!!!!!

Vale salientar que esse “Pai!!!!” estava carregado de medo, pavor, realização, concretização de um sonho, contentamento e muitos outros sentimentos que só ela sabe que sentiu, tudo ao mesmo tempo. Dá pra ter uma idéia de como foi esse “Pai!!!”!?!?

Seguimos de moto esses 120 kms, deliciosos, de subida de serra com cheiro de terra e mato, que nos separavam desse grande e novo desafio para ambos. É, eu também tava com um certo tremelique nas pernas... não vou mentir!!!

Chegamos, ingressamos no parque e o guia nos sugeriu seguir, primeiro, as trilhas no meio da mata. Já havíamos feito estas caminhadas várias vezes, eu, Milla, Márcia, Farelo, Cristina e Manu, e já não era nenhuma novidade para nós. Além do mais, estávamos loucos para ver e fazer o rapel. Era isso o que queríamos. Era apenas nisso que pensávamos. Poxa, leva logo a gente pro rapel, seu moço!!! - pensamos ao mesmo tempo!

Pulamos, lógico, todas as etapas que os outros turistas costumam adorar seguir e fomos ao tão esperado rapel.

Antes de chegar lá, no entanto, passamos por uma tiroleza fantástica. Nunca havíamos feito tiroleza também e já aproveitamos para realizar mais esse pequeno sonho. Era pra ser apenas um aperitivo. Seria apenas um detalhe, um mero contratempo a nos separar daquele sonho antigo: o rapel; uma coisinha meio sem graça, com certeza, mas já que estava ali, no meio do caminho, faríamos também; afinal o que custava, né! Mas não foi bem assim.

Quando nos aproximamos da tiroleza, fui logo verificar as amarrações, as ancoragens, as cordas e demais equipamentos que iríamos utilizar na brincadeira: aventuras sempre, mas nunca aventureiros. Segurança, pra aventura acabar sempre bem.

E falei pra Milla:

- Vai?

- Claro pai... é lógico que vou! – disse ela com aquele sorriso lindo que só ela tem estampado no rosto e com os olhos brilhando de contentamento. Bem, pelo menos foi assim que decifrei toda a sua expressão; mas eu estava enganado.

Preparativos rolando, colocação e amarração da cadeirinha, presilha devidamente fixada na corda de segurança; tudo pronto para uma grande a apoteótica descida rumo ao outro lado do lago.

- Mas... pera aí, seu moço... essa corda tá bem amarrada?

- Milla, eu mesmo vi a amarração. Tá firme sim, pode confiar – disse eu.

- Pronto, Camilla? – perguntou o guia.

- Pronto... mas... pera aí. E essa cadeirinha tá bem presa também?

- Tá, Camilla. Vc não me viu colocando tudo direitinho? Então!? – disse o guia pacientemente.

- É... tá... tô pronta! Mas...

Eu já comecei a rir entendendo que aquele sorriso lindo que só ela tem e aqueles olhos brilhando não eram bem de contentamento; eram de pavor!!!

E continua o guia:

- Pronto?

- Tá. Mas... mas...mas... quando chegar do outro lado, como é que a gente pára?

- Eu seguro a corda daqui e vc pára – disse ele.

Até ele já estava rindo a essa altura da história, e falou:

- Tá, já entendi. Quando vc voltar, eu respondo o resto... e empurrou a Milla!!!!

Vi macacos pulando de uma árvore pra outra; cobra caindo do galho; pássaros saindo em revoada; tartaruga escondendo a cabeça; raposa soltando o coelho que já estava na boca; tudo aconteceu com o enorme grito que ecoou em meio à mata virgem!!!

Foi um grito só, de um único fôlego, até encalhar na areia do outro lado.

Não consegui deixar de rir o mesmo tempo que durou o grito!

Mas, fazendo justiça, ela retornou e foi outra vez – sem qualquer grito! Eu também fui, lógico. Ainda bem que ela não ouviu o meu grito; ela ainda estava muito nervosa pra perceber isso! Que sorte!

E a fauna daquela mata linda jamais foi a mesma após nossa passagem: todos os bichos fazem terapia até hoje!


Chegamos, enfim, ao tão sonhado rapel; uma experiência única, sem precedentes em nossas vidas e que jamais esqueceremos, por certo! Mas... conto sobre ele n’outra oportunidade!