quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Separatismo: ainda é a bola da vez!


A celeuma que a Mayara Peluso criou - ou, em minha visão, apenas tirou o véu que sempre o cobriu! - não é apenas a da discriminação contra os nordestinos; vai mais além; vai muito mais além; beira, novamente, a terrível e nefasta empreitada que há anos existe: o separatismo.

O movimento separatista existe há muitos anos, com a mesma alegação dela: a de que o sul e o sudeste "sustentam" o norte e o nordeste. 

Na época que morei em São Paulo tive a honra de ser convidado a participar de um debate em uma rádio acerca deste assunto, e já em 1991 havia forte movimento separatista por lá, chegado do Rio Grande do Sul e catalizado, no caminho, pelo Paraná e Santa Catarina.

Dizia eu, já naquele programa, que eles - sulistas - deveriam voltar para seus países de origem de onde seus avós e pais fugiram pra escapar da miséria e da morte, consequências das épocas de guerra. Refugiaram-se em nosso país (benévolo país) e, agora, passado o desespero, acham-se no direito de reinvidicar uma parte dele, como se alegasse usucapião.

Ora... pois que retornem, então, aos seus países de origem, de onde, na realidade, seus antepassados nunca deveriam ter saido. Se nosso país não lhes serve por suas diferenças regionais, característica inevitável a um quase continental,  que voltem para os seus, que bem sabemos não são mares de tranquilidade. E, diga-se de passagem, essas diferenças regionais que enfrentamos tem muito na conta deles mesmos, que ao longo de tantas décadas elegeram presidentes e canalizaram os recursos federais apenas para desenvolver suas regiões, negligenciando (até de propósito) o norte e o nordeste. De onde, afinal, seria arregimentada a mão de obra barata pra construir suas metrópoles? Para que oferecer boa educação formal para povo nortista que se sujeita a pequenos trabalhos e dos quais tanto precisavam para manter seus estilos de vida européia e asiático?

A ideia propulsora desse movimento separatista é lastreada pelo conceito econômico, não tendo nenhum vestígio de social: deixar de dividir a arrecadação e concentrá-la apenas no sul e sudeste do país, notadamente as regiões de maior produção e geradora de impostos.

Esquecem-se que vivemos numa república federativa, onde toda a riqueza deve ser dividida equitativamente por todos, até, e exatamente por isso, pelas desigualdades sociais herdadas desde nossa colonização.

Vejo este movimento como se alguém fosse passar uma temporada na casa de um amigo, por estar passando dificuldades financeiras e sendo gentilmente acolhido, para, depois, tomar-lhe a casa.

Não necessito nem falar, aqui, do quanto o nordestino é responsável pelo desenvolvimento das regiões baixas do país. Todos sabemos.

O que entendo é que o sul foi e é privilegiado e não pode, agora, simplesmente virar as costas para o norte e o nordeste, tanto mais por haverem conseguido - por seus próprios méritos, claro! - melhorado o nível de suas escolas púbicas, o que ainda é ralo em nossa região. A partir do momento que estivermos em pé de igualdade em investimentos e oportunidades até poderei analisar de forma diferente este assunto. Por agora, vejo uma simples covardia e um nefasto oportunismo.

Portanto, vejo o problema bem maior que o que simplesmente a declaração dessa Mayara encerra. Sinto que o sentimento separatista continua tão aflorado quanto antes, o que nos deve chamar a atenção muito mais fortemente que a simples discriminação racial que ficou mais em evidência neste momento.