quarta-feira, 24 de março de 2010

Não se pode saber de tudo!

Lembramos de muitas coisas que fizemos quando criança, jovem, adolescente e até adultos. Claro! Memória é algo muito seletivo e sempre selecionamos o que nos marca nas experiências tanto boas quanto más, como o primeiro beijo ou o dia em que matamos a primeira aula, a primeira namorada, aquele filme impróprio que conseguimos assistir com amigos – justo naquele mesmo dia em que matamos a primeira aula -; enfim, a primeira vez em quase tudo.

Apesar de nunca haver dado muitas preocupações a meus pais, cometi alguns graves erros imperdoáveis dos quais também lembro bem – já se vão 45 anos, e em 45 anos se comete uma infinidade de erros inevitavelmente, tanto mais no início deles; afinal somos humanos e imaturos espiritualmente, em geral!

Saber tomar esses erros como lição é, isso sim, a melhor forma de se amadurecer, de evoluir, de se engrandecer como pessoa e espírito. Se fizermos força para lembrar apenas dos nossos acertos, levianamente estaremos nos eximindo de nossa própria evolução.

Tudo isso ganha maior importância quando se tem filhos. Tentamos – e muitos tentam muito mesmo! – evitar que eles (filhos) saibam do que “aprontamos” quando jovens ou adolescentes. Óbvio, já que esperamos sempre que eles evitem passar pelo que passamos ou que façam com seus pais o que fizemos com os nossos! Que egoísmo; quão comodismo!!! O pior é que nos esforçamos nisso sempre na tentativa vã de evitar que eles repitam ou peguem como exemplo o que fizemos de errado, com o receito de que nos copiem. Ledo engano nosso: eles jamais repetem os mesmos erros da mesma forma; até cometem os mesmos erros, mas nunca da mesma forma; são sempre mais criativos, mesmo que nem tomem conhecimento de nossas histórias! É até incrível como conseguem isso!

De qualquer forma, essa é a lógica de nossa sociedade, de nosso comportamento, do nosso tempo. É natural que ajamos assim. E nunca conseguiremos agir diferente disso.

Esquecemos, por vezes, que assim como nós fomos criativos em nossa época para escondermos algumas coisas de nossos pais, assim também são nossos filhos, sagazes, sabedores do que somos e de nossas rotinas, conhecedores – o mais preocupante - de novas tecnologias e formas de agir sem que saibamos, o que para nós, pais, sempre nos trarão grandes surpresas.

Não somos diferentes de nada disso, eu e minha esposa. Ao contrário, hoje sabemos que somos muito comuns como pais de filha adolescente – e que já se acha muito adulta e madura. Aliás, conhecem algum adolescente assim!?!?!

Peça nova, peça antiga...; de algumas, até lembramos; outras nunca nem imaginamos! É assim mesmo! Tenho certeza, hoje, que meus pais pensaram da mesma forma que penso hoje, só que com fatos diferentes, com tecnologia inferior, com artimanhas menores, nos dando menos liberdade. Claro: também estamos ficando mais espertos e sabidos, como pais, a cada geração! Mas, infelizmente, nunca estaremos no mesmo compasso que nossos filhos. Lamentavelmente informo a todos!

Estávamos, até ontem, certos de conhecer muito nossa filha; hoje temos a certeza de conhecer menos do que imaginávamos; amanhã desconheceremos quase que totalmente! Será!!! Que coisa! Como pode! Isso é natural?

E o que fazer, então? Manter imutáveis nossos conceitos e o que somos? Alterar o que sentimos e entendemos como correto? Deixar de lado os antigos conceitos e absorver todos os novos, que se mostram ainda muito ineficazes?

Sei lá!!! Como saber!!!

Sei, hoje, que estamos nos adaptando a cada novo dia, e nos surpreendendo a cada nova atitude. Incluo nisso boas e más atitudes, de certo!

O que não deixaremos de fazer nunca é de amar incondicionalmente e trabalhar sempre para fazer nosso melhor, seja em relação a ela, seja em relação a nós, seja em relação a todos nós! Somos uma família e isso é mais significante que qualquer preocupação, decepção ou acepção que se venha a ter do verbo amar. E nisso está incluso até a dureza em algumas atitudes, o que também se pode traduzir em “amor”! E quanto mais deficiências detectarmos em nossos filhos, tanto mais teremos a certeza de que nosso trabalho ainda não terminou, seja em que fase da vida for!

Estaremos sempre atentos a tudo, mais ainda ao comportamento e as amizades, pistas importantes de no que estão se transformando nossos filhos!