terça-feira, 2 de outubro de 2012

Novo Céu.


Que te salte aos olhos, já esgotados meus esforços, tudo o que sou por mais simples que seja, como num laço definitivo de um louco Amor que de longe ainda reluz, ainda brilha, lampeja.
Mesmo à luz pouca da dúvida, claridade opaca, clarividência turva, que tua retina componha meu sublime esperar, e, de vez, abra novo sorriso daqueles que só tu soubeste fazer com um simples e tranquilo olhar.
E que em discreta nova paixão, que agora serena, mais calma, mais certa, teu coração se aposse do meu tal um posseiro que hoje senhor, como só um velho novo amor sabe dos atalhos certos de nele se chegar.
Novo luar haverá de abrir com toda discrição o meu novo céu que agora estrelado, a compor calado teu novo chegar com o mais belo cenário, que de tão bem decorado pelo toque do carinho lhe seja firme caminho de apenas voltar, e um seguro pra sempre ficar.

Valcir Machado.

sábado, 28 de julho de 2012

Caçado.

Desengavetou pequenos vestígios que haviam daquele amor
Transformou-os em nova grande pista
Como um predador que tenta não perder de vista 
Ao ver fugir a caça do caçador.

Descansar da busca frenética que sempre o impulsionava
Era deixar de lado todo o sentimento que lhe havia
Era um desviar de rumo que não sabia
Aonde lhe levaria tamanha empreitada.

Seguiu as pegadas deixadas pelo tempo
E ao perceber que era o caçado
Ainda com o olhar desatento
Deixou-se levar pelo mesmo sonho ainda que encantado.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Escapada.

Fujo da tristeza por atalhos que ela desconhece,
E planto novas raízes onde doces aromas suaves a assustarão.
Uso as mesmas sandálias surradas dessa vida - únicas comigo,
Sequer disfarço novos rastros, nem temo mais uma solidão.

Desisti de percorrer as mesmas veredas

A me levarem de volta aos mesmos caminhos.
Conhecidos caminhos que me retiveram nas veredas,
Desesperança em velhos confusos carinhos.

Sigo, e à frente apenas folhas, flores, rumos a perder de vista,
É meu ofício agora seguir, afora sonhar meu sonho.
À sombra de palmeiras gigantes, disfarces do céu que já não via,
Flutuo alheio em vento lento, leve, alento, risonho.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Volta, vida!

Que na vida, as surpresas me levem a cada dia
Entre ventos com ares matinais
Cheio das descrenças leves da saudade
Imerso na lembrança tua.

Sem temores nem enganos,
Reserva-me o sorriso que lembro
E temi perder um dia - chegadas e idas
Por entre turvas vielas em noites sem lua.

Dá o sinal que espero em sofrimento pleno
Ansiedade chorada nos becos estranhos
Por onde anda meu coração em desespero
Por tua imagem viva, suada, nua.

Teu olhar sorrateiro chega, se deita num acalanto
Ladeia meu peito ainda ao relento
Estranho novo re-sentimento
Que dentro agora se refugia, me flutua.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Templo da Distância

Não é mais o tempo o que mais temo
Mas a distância que dele me faz prisioneiro
Preso num esperar sem fim
Sem passar, um nunca chegar

Como uma rosa ao seu espinho
Intrínseco na concepção
Devo à distância o tempo
A furtar alentos, as matizes que tenho

Sou nuvem que espera ser chuva
Um sol para nada irradiar
Vento que sopra sem balançar
Areia inútil de praia deserta.

Hoje, no nublado do dia é que me vejo
Tal mancha borrada em um espelho torto
Sem mais coração para chorar 
Tudo se resume num lento esperar.