domingo, 7 de junho de 2009

Mídia e Medo!

Bem sabemos a importância da mídia em nosso mundo, transformando-se em uma incontestável formadora de opinião, mais, até, que a própria família hoje em dia!

Chego na casa do meu pai e o pego assistindo a um desses programas policialescos, que só mostram as desgraças sociais através do crime, do furto, do roubo, do trambique, da extorsão e da má-fé, apesar de ter à sua disposição uma TV à Cabo com mais de sessenta canais de informações nacionais e internacionais, esportivos, culturais, educativos, lúdicos, de entrevistas, etc.

O que houve? Por que esta opção?

Em conversa com um programador de rádio, dia desses, lhe perguntei o porquê dessa proliferação de programas policiais na TV e do grande espaço desse tema nas rádios. Sua resposta me deixou ainda mais pensativo: segundo ele, o público “exige” esse tipo de informação. Fiz, de certa forma, a mesma pergunta a uma amiga, curioso em saber o que lhe fazia ser telespectadora assídua dessa mídia policial. Sua explicação foi que queria ver as “caras” dos criminosos para poder se proteger caso encontrasse com algum deles na rua.

Ora, vamos! Qual a chance de ela reconhecer algum dos bandidos apresentados na telinha, já que aparecem dezenas de novos todos os dias e que não se repetem nos outros programas do mesmo gênero? E, se é esse o raciocínio da maioria, vejo como frágil o argumento do meu amigo programador!

Tenho a impressão de que a mídia, em dado momento e sem qualquer pesquisa de opinião, simplesmente optou por essa linha puramente comercial de audiência, baseada num filão genial que é o comprovado interesse do ser humano pela desgraça alheia. Desprezou, por completo, os bons exemplos sociais para, até deliberadamente, transformar a grande massa numa coletividade amedrontada, receosa, desconfiada e maldosa. Quanto mais forem produzidos esse tipo de programa, tanto mais a população, sem outra opção, vai absorver esta informação maléfica como fonte única de temas a serem discutidos nas rodas cotidianas.

Dá pra ter uma noção da sintonia da grande coletividade: o pavor, o medo, a desconfiança. Qual o papel da mídia nisso tudo?

Pergunto se o que veio primeiro foi o programa policial ou a necessidade do público por esse tipo de informação. E a aculturação é de tal forma articulada que os programas policialescos são transmitidos nos mesmos horários e em praticamente todos os canais, numa funesta disputa da audiência pouco classificada, nos deixando completamente sem qualquer boa opção.

Parece-me que se a grande mídia desejasse mudaria esse foco completamente e passaria a ceder esse espaço tão valorizado aos bons exemplos, como às ações das boas e bem intencionadas ONG’s, à entidades humanitárias, aos altruístas.

O resultado social seria muito superior ao que vemos hoje, fazendo com que a grande massa passasse a valorizar a honestidade, a cordialidade, a boa-fé, a humildade e a cidadania. E teríamos novas boas discussões nos cafezinhos da vida acerca de temas humanitários, sociais, ecológicos, políticos (até) e que dessem prazer em viver e debatê-los! A todos esses bons temas são dados, apenas, rodapés de páginas!

A mídia deve assumir de vez seu papel de responsável por grande parte do senso comum e rever profunda e eficazmente sua programação, erradicando definitivamente todo o espaço hoje destinado a esse lixo áudio-visual e, em contraponto, ampliando sobremaneira o dos temas que elevam os cidadãos.

Por fim, qual a contribuição social do programa policial? À vista do constante aumento da violência urbana, vejo que apenas se presta à eleição de seus apresentadores, tidos como paladinos de meia-tijela!

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Valcir Machado