sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Encontro.

Encontro.

Nos drinks, olhares inflamados desnudam desejos de plena ânsia.
Haveriam, sim, de liberar os pequenos sentidos.
E que daquele olhar resultassem mais sentimentos,
Os melhores já vividos vãos momentos.

As mãos enlaçadas embaixo da mesa
Desenrolavam uma tormenta de intenções.
Viveriam o pouco do que deles ali resultasse,
Simples paixão; grande imparcialidade.

Do efêmero, um pequeno eterno se criava.
Um mundo novo, um novo modo.
Um novo mundo de quem, sem saber, já se procurava.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Não-Humano!


Queria eu saber amar
Saber amar sem cobrar presença
Sem exigir trocas, nada
Sem esperar o mesmo amor

Queria eu sofrer calado
Acordar ao lado
Sem tantas perguntas
Apenas feliz por ter chegado

Queria eu não sonhar muito
Não chorar muito
Nada muito!

Queria eu ser um anjo
Um ser encantado, reapaixonado
Pra saber amar certo
Certo como um não-humano.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Busca!



(Por  Carmen Lucia Lima Sarmento e Valcir Machado.)



Sonambula, busco nos passos da noite companhia,
Lugares nunca vistos
Corpos desconhecidos
Alguém que me estenda a mão,
Afetos em outra dimensão

Não me acordes; tu não estás em meus devaneios.
Deixe-me vagar a ermo
Nessa solidão em que me aprisionaste.
Lugares que visito em sonambulas pegadas
São meu alimento da alma, minha razão, minha eterna busca.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Dois em Um !

Tão simples...! Dois simples!
Simples no cheiro e no gosto,
Na personalidade e sentimentos.

Simples na vida e sonhos;
Simples no afeto e carinho.
Simples..., amor!

E é simples assim:
De um encontro, o encanto...
De um beijo, o desejo...
Um filho eternizando os laços
E a certeza da escolha de um amor pra toda a vida!


*** Poema escrito por SMS entre mim e Márcia, minha esposa!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Construção.

Se é verdade que uma inocente mentira
pode romper o mais lindo amor,
Que meu peito escorra dos olhos
em francas lágrimas de arrependimento.
Nem me importa mais sua crença, se do que sinto bem sei.

E vou-me construindo em vidas,
repetidas vidas,
Entre as navalhas dos ensinos a lapidarem meu ser amorfo.

Nos semblantes difusos,
Beiras e bordas desalinham o corpo da alma,
Como se renegassem o que somos: uma construção.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Inocente perdão.



Escoava-se pela pena em rabiscos, absorto em devaneios típicos da saudade.
Não percebia entre frestas o lume a lhe tocar a face, o luar que sorrateiro espreitava.
Cheio do encanto que vivera, assediando sem consolo a própria alma,
Desprende da mão a letra tocada de sentimento; uma lágrima. Nada escrevera!

Tornou de onde veio com o afã do encontro, louco de pesar pelo tanto que não fizera.
Perdera-se num ponto qualquer de si mesmo quando esperou ser mais do que era.
Esperança de aceitação, único desejo agora, razão única de voltar.
Já, de si, nada a mais esperava.

De tudo o que recebera, o sorriso foi mais marcante, espalhado no rosto daquela com quem tanto sonhara.
Pula em seus braços doce menina, que das poucas realizações, a que de fato amava.


quarta-feira, 15 de junho de 2011

Que esperança!

Como vou lamentar se a cidade é fantástica!!!
Verdade... não existe aeroporto ainda. Também, como justificar um para atender a 14 mil habitantes? Claro que não tem e claro que tão cedo não terá. E isso é apenas mais um dos encantos de lá.

Como sempre, tive que ir à rodoviária para agendar minha viagem pro 'lado de lá do Ceará'. Trajeto demorado mas prazeroso, só por saber que em apenas 6 horas de sono profundo - geralmente durmo a viagem inteira - estarei chegando perto do paraíso, não fosse o reinado PSDBista há quase duas décadas. Costumo dizer que nenhum povo merece a desdita de ter um mesmo grupo no poder por muito tempo, sob pena desse grupo se apoderar da região pra si, se apoderar do próprio povo. E é exatamente isso o que acontece por lá.

Paro no semáforo e sem ter o que fazer, enquanto rola a discreta suavidade de Enya, olho absorto ao meu redor e vejo na esquina um velho senhor aparentando seus 70 anos, sentado no chão de chapéu e óculos escuros, com uma latinha de goiabada sem a tampa bem à sua frete, como se largada ali perto de suas pernas.

Pobre cego, pensei! Não precisava ser nenhum gênio para deduzir isso: sentado e encolhido na calçada, de chapéu e óculos escuros, cabeça reclinada para frente como quem ora e a mão estendida como quem suplica.

Temos o reflexo mental de nos apiedar de cenas como esta. Logo pensamos no contexto social injusto a que os políticos nacionais nos impõem dia após dia, década após década, em mandatos sucessivos impregnados de profissionais inertes e inférteis. Como posso combater isso se nada sou além de cidadão!!!

Fico apreensivo ao ver que na mesma calçada, indo na direção daquele senhor sentado, aparece outro mendigo, este com uma aparência menos humilde, mais debochada e de aspecto mais maltrapilho, muito mais sujo por sinal. Aproxima-se aos poucos, passos lentos e vacilantes, andando bem perto do muro como se não quisesse ser notado.

Com a escola que temos e que nos é imposta de cima pra baixo - entenda-se casos Mensalão, Palocci, filhos ricos de Lula, falcatruas no Congresso, no STF e adjacências -, lógico que me veio um pensamento mau, porém inevitável: ele irá se aproveitar do pobre cego e levar o apurado do dia. Nossa!!! Gelei com a possibilidade de presenciar uma cena tão mesquinha, tão vil, tão humilhante que seria um necessitado agredindo outro, como se dois ursos famintos disputassem o mesmo peixinho de um aquário.

O maltrapilho se aproxima; engatilho abrir a porta do carro; tiro o sinto de segurança; abro a porta e já estou em pé fora do carro pronto para interceder; o maltrapilho se agacha em frente à latinha de goiabada; já estou contornando o carro; ele pega uma moeda que está no chão ao lado da latinha e a coloca de volta; e segue seu caminho trôpego, ora no muro, ora na guia.

E agora..., como justificar que alguns, apenas pela ambição e pela vaidade do acúmulo de riquezas, se corrompam!!!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Na Ponte Aérea.

Reendição de crônica publicada em 03/94.




Acordei subitamente quando recebi uma pancada no ombro esquerdo. Ainda meio que dormindo, abri a janela para tentar entender o que se passava no assento ao lado. Não adiantou; já era noite.

Imediatamente acionei o interruptor de luz de leitura, que não funcionou. Raridade, pensei, algo defeituoso nessas aeronaves modernas e tão rigorosamente inspecionadas. Esse pequeno detalhe havia escapado às checagens minunciosas dos técnicos.

Entendi, por haver batido e ficado, que deveria ser uma pessoa dormindo e com sua cabeça recostada de tão relaxada. Permanecia com sua cabeça no meu ombro, o que me causava um certo incômodo: não podia me mexer para não acordá-la. Parecia dormir muito profundamente. Poderia ser uma linda garota loira, sonolenta, de olhos azuis e que havia ganho o concurso "Garota da Praia" do litoral paulista.

Resolvi, então, deixar as coisas como estavam e tentar localizar meus óculos para ver ao menos, quem sabe, sua silhueta. Certificaria-me, assim, de que era uma tremenda gata dormindo no meu ombro forte e protetor (risos!). Mas minha sacola de mão estava no bagageiro superior e meus óculos dentro dela. Eu não imaginei que poderia precisar deles. Minha intenção era a de só acordar quando a aeromoça, falando com sotaque tipo telesexo, me avisasse que o avião já iria ser recolhido ao hangar.

Sem conseguir identificar de quem se tratava, imaginei que bem poderia ser uma estrela da tv. Passageiros constantes dessa ponte aérea, quem sabe não seria a Suzana Vieira, Lucinha Lins ou aquela cearense charmosa Luiza Tomé!

Meu Deus!!! Bem que pode ser um homem!!! E porque não? Homens também viajam na ponte aérea!

Foi aí que percebi que eu não havia sentido qualquer aroma agradável de perfume feminino. E que mulher bonita viajaria na ponte aérea sem perfume, ainda mais se fosse uma estrela!!! Senti meu corpo gelar. Como nós fumantes não temos um olfato muito confiável, vi que poderia estar apenas impressionado, e à toa.

Tentei lembrar da hora do embarque. Haviam poucas pessoas no vôo. Mas quem fica fazendo cálculo de probabilidade das chances de sentar-se ao lado de uma mulher na hora do embarque? E mesmo que as chances matemáticas sejam grandes, quem garante o acerto? E quem observa quantos de cada sexo embarcam? Oswald de Souza talvez tivesse respostas; eu só tinha dúvidas!

Pensei, então, e por conta dos riscos, em me afastar ao máximo para perto da janelinha e deixar aquela cabeça ir caindo, caindo até pendurar. Eu já estava espremido, quase saindo pela fuselagem da aeronave; não havia mais para onde afastar.

E é incrível como nessas horas ninguém percebe seu sufoco e ninguém aparece pra lhe ajudar.

Não poderia suportar aquela situação por muito mais tempo. Estava ficando impaciente. Resolvi, então, esperar a hora em que seria servido o cafezinho, quando certamente as luzes internas seriam todas acesas. Hoje percebo que somente alguns segundos dessa espera ficaram parecendo horas. Por um instante achei que poderia ser bem pior se aquela cabeça roncasse!

Como o café não chegava nunca, apelei para o último dos cinco sentidos que o fumo ainda não havia destruído em mim: o tato. Pensei em apalpar o rosto daquela cabeça, porém havia um risco muito grande de ser um homem; e como eu ficaria! Comecei a mover lentamente o ombro-travesseiro para tentar detectar um brinco, cabelo longo ou se, por incomodada, aquela cabeça fazia um 'huummmm' demorado e que eu pudesse identificar o timbre de voz. Para minha surpresa, espanto, calafrio, medo, terror, pânico e outras coisas mais, meu ombro espinhou. Era uma barba, e das mal feitas! Agora tinha uma terrível certeza: era um homem!

Por que tinha que ser um homem e justamente daqueles que dorme em qualquer lugar e de qualquer jeito, como eu? Se a barba era mal feita, devia ser daqueles bem relaxados que nem banho toma. É por isso que nunca entendi como pode uma mulher gostar de um homem: que bicho nojento!!!

Não sabia o que fazer. Estava encurralado no canto da janelinha cercado de assentos por todos os lados, com um bagageiro em cima e com um homem dormindo no meu ombro. Tantos lugares vagos e eu sento justamente aqui! E esse cara justamente aí!!!

Nos momentos críticos de nossas vidas, costumeiramente tomamos decisões radicais. E eu tomei uma naquele instante: viajaria sempre no corredor!!!

Tinha que fazer alguma coisa. Levantei bruscamente para acordar de vez aquela cabeça. Bati a minha cabeça no bagageiro superior que abriu derrubando minha sacola, tombei na janela, enfiei a mão no cinzeiro, quebrei o relógio, caí pesadamente em cima do homem a meu lado, despenquei de peito no chão. Atordoado e preso entre as poltronas, percebi que todas as luzes foram acesas e ouvi uma criança chorando e reclamando:

- Mãe!!!!!!!!!!! O homem feio machucou o Bóris!!! ... seu ursão de pelúcia.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Pai..., não, mãe!

Cresci no bairro do Aeroporto entre jogos de futebol na rua, pipa, peão, bicicleta, banhos de chuva, 'polícia e ladrão', pique-esconde, namoradinhas nas festinhas e muitos amigos do tipo amigo até hoje. Não conto as vezes em que fiquei de castigo por haver roubado frutas do quintal do vizinho, por haver quebrado a vidraça da casa daquele velho chato que teimava em furar nossa bola. Assisti 'A Feiticeira', 'Perdidos no Espaço', 'Viagem ao Fundo do Mar', e por aí vai. Uma infância totalmente normal, inclusive levando as duras de minha mãe e as broncas de meu pai.

Na adolescência era mais ou menos assim: dentro de casa minha mãe mandava; se o assunto era fora de casa ou financeiro, aí meu pai resolvia. Os papéis claramente determinados dentro de um lar aonde os sexos eram claramente definidos.

E vivi toda a vida acompanhando e me adaptando às mudanças do mundo, vendo minha esposa se profissionalizando, minha filha me chamando de 'você' e argumentando acerca de nossas determinações - ainda com respeito, mas argumentando, o que não nos era permitido antes! - e esticando os horários de chegar em casa, com carro e moto à disposição pra ir à faculdade e algumas outras novidades dos tempos modernos.

Mas os tempos são outros,... mudou demais!!!
Fico agora num exercício de divagação inevitável acerca de algumas novas situações, como as futuras reuniões de pais e mestres nas escolas: "Raulzinho, seus pais não vão vir hoje à reunião? E quanto a vc, Carlinhos, suas mães não virão?

Vai dar confusão.
- QueridA, não deixe mais suas cuecas no banheiro; tanto que eu lhe peço!
- Amor, me empresta aquela sua calçinha linda que lhe dei de presente no nosso aniversário de casamento!

E o menino:
- Pai..., quer dizer, mãe, posso ir na casa do Leonardo?
- Poxa, professora, minha mãe, digo, meu pai..., meus pais..., minhas mães... não lavaram minha farda!

E o amiguinho:
- Juquinha, sua mãe..., aliás, seu pai chegou pra lhe pegar! Corre!
- Belinha, esse penteado que sua mãe fez..., quer dizer, que seu pai fez, tá lindo!
- Paulinho, a sua mãe é seu pai!?!?!

Nada contra os direitos civis envolvidos no assunto. Muito pelo contrário, sou totalmente a favor que se respeite a dita comunhão de bens e de direitos sociais afetas a qualquer união estável, mas a adoção, a fecundação in vitro, o aluguel de barrigas, nada disso me parece natural dentro de uma sociedade ainda não preparada para tal. Entendo da mesma forma quanto ao beijo homo em público; ainda é meio escandaloso e chocante para a grande maioria.

Penso que é um grande egoísmo casais homoafetivos - termo novinho! - almejarem à fomação de uma família nos padrões antigos. Que montem suas familias, mas em novos padrões, já que o padrão de união é outro. As crianças sofrerão discriminação, gozações, constrangimentos, bullying e tantas outras situações ruins ainda por serem anormais tais relações. Falo 'anormais' apenas por não serem ainda tão normais; só isso; nada de preconceito, por favor!

Espero que nosso legislativo, para quem o judiciário escancaradamente passou a bola, siga a tendência mundial e social na aceitação dessas uniões, mas preserve a formação e o bem-estar de nossas crianças, já que a sociedade não evoluiu tão rápido quanto os conceitos de alguns.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Algas da Indonésia.

Neste mês que passou fiquei pensando no que escrever. Não me vinha tema algum que despertasse a atenção ou o desejo de decifrá-lo nos escritos. Acerca da vida, quem sou eu para discorrer. Sobre a crise no Egito, na Líbia e no mundo Árabe em geral já não tinha muito mais o que dizer. Acerca das picaretagens de nossos políticos e dos escândalos que sempre estouram e estragam nossos dias, perdeu a graça. Tsunami e crise atômica no Japão, todos já explicaram muito bem. E... nada de tema.

Fui tomar meu banho cheio de lamentações por não ser um escritor de verdade, afinal qual deles não escreve constantemente, não tem inspiração quase permanente, não chega à definição de um simples tema! Não... definitivamente eu não era um escritor! Triste constatação que quase me fez afogar no chuveiro.

Decepcionado comigo mesmo, joguei o sabonete com força na parece, que repicou e acertou bem naquele ossinho mais descoberto da canela, aquele mesmo que não tem um pingo de gordura para protegê-lo. Num reflexo natural, levantei a perna ligeiro e com raiva, pisando de volta no próprio sabonete e despencando no chão do boxe. Antes de cair, porém, e como todo mundo faria, tentei me segurar em alguma coisa. O que consegui pegar foi o vidro de xampú, mas, de passagem, esbarrei naquele frasco lindo de óleo pós banho de minha mulher, daqueles bem caros e que só se vende por encomenda. Além do mais, leva séculos para chegar. A consultora havia-lhe dito que era muito difícil a empresa de cosméticos voltar a comercializar aquele item hoje em dia, já que era produzido a partir de algas marinhas cultivadas em cativeiro nos mares da Indonésia e que desde o tsunami do ano passado havia ficado muito rara sua importação.

Para meu desespero o óleo quebrou, e eu ainda troncho no chão pensava na justificativa que iria dar a ela quando chegasse. O galo na cabeça nem me incomodava, nem a canela doendo, nem o cotovelo ferido, nem o pé cortado no beiço da porta, nem mesmo o fato de não ser um escritor. Nada me passava pela cabeça, exceto a desculpa que eu teria que encontrar para a catástrofe tão ou mais grave que a nuclear no Japão. Teria que agir como uns Senadores que conheço e que dizem que a aposentadoria que requereram é para doação. Tinha que pensar em algo bom... e rápido!

Chega ela e vai para o banheiro. Ainda mancando, me apoiando nas paredes, corri e fechei a porta.

- O que vc está me escondendo? Fala logo, Negão! - é assim que ela me trata carinhosamente!

- Nada, amor! - é assim que eu a trato quando estou com medo!

- Fala logo...vai! Vc sabe que eu não suporto essa sua cara de sonso!

Pronto, haveria de contar, até porque ela descobriria logo e eu não teria como negar mais nada.

- Sabe o que é..... - pensava eu com a mesma dissimulação dos nossos políticos quando são flagrados em fatos inegáveis!

Nem terminei a frase e ela já me empurrou, abriu a porta num chute, olhou em volta. Eu corri; desci com a desculpa de fumar um cigarro. Fumei cinco, até que criei coragem e voltei, disposto a enfrentar qualquer coisa. Além de não ser um escritor, seria um rato!!! Afinal, quem de nós nunca quebrou um óleo hidratante pós banho difícil de encontrar e mais ainda de receber, cuja matéria prima são algas marinhas importadas cultivadas nos cativeiros dos mares da Indonésia e que não eram mais produzidos por conta de um tsunami? Quem, quem!!!

Entrei, liguei a TV baixinho, sentei bem devagar e me fiz de morto. Ela chega e me dá um abraço e um beijo:

- Estou tão arrependida de ter brigado com vc, Negão...! Detestei aquela porcaria de hidratante!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Na velocidade da lentidão.

O mundo está mudando. Novidade alguma nisso. Muda na velocidade dos bits, pela mão dos novos gênios, com a disseminação voluntária da boa informação.
O mundo Árabe é o exemplo mais notório do momento atual, onde a conexão é a palavra chave dos levantes, congregando ideais e valores - mesmo que este movimento tenha sido articulado inicialmente por militares de forma velada.
Sem muito esforço, as pessoas se identificam e se reconhecem em seus desalentos, devaneios, esperanças e certezas, como povo, enfim, deixando claro que essas certezas são o rumo que o país deve tomar.

Mas como até na ocupação fomos meio diferentes da grande maioria dos povos, não poderíamos estar descendo na mesma onda junto com os demais. Temos que esperar sempre a próxima onda, pretenciosamente, sobrando-nos como consolo as marolas de final de maré. Perdemos os bondes da história e deixamos pra agir depois de todos, vendo passar ao largo as grandes oportunidades. Só para ilustrar, por quê não embarcamos juntos no movimento das 'Mães da Praça de Maio' da Argentina, já que vivíamos - e ainda vivemos - o mesmo argumento do movimento?

Não somos nem melhores nem piores que qualquer outro povo do mundo. Somos apenas complacentes demais com desmandos e incoerências. Somos um povo elogiado por ser acolhedor, alegre, gentil, 'da paz', o que hoje deixa de ser virtude para ser defeito.

As mudanças em nosso país não acontecem realmente. O Brasil é reconhecidamente 'o país do faz de conta'. Nada funciona com a efetividade das boas soluções. Nos acomodamos com paliativos sociais e políticos, vendo a história passar à nossa frente, perdendo os bondes das melhorias e deixando como herança lixos estruturais e morais aos nossos descendentes pela nossa eterna espera do momento ideal.

Temos que sair à nosso favor como povo e como país. Esqueçamos as boas maneiras - que seja! - para mostra que queremos e merecemos respeito como povo, como cidadãos, como gente que alimenta a esperança de dias melhores pelas virtudes, que ainda é a nossa essência.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Aproveitador, eu?

Algumas palavras da língua caem em desuso. Processo normal na evolução de todos os povos. Mas a palavra 'Indignação' é o primeiro exemplo no mundo de uma que se tornou incompetente! Brasileiro, vibre; você fez isso!

Acompanhamos a nova farra que surgiu com o dinheiro público: as absurdas aposentadoria vitalícias concedidas a ex-governadores. Aproveito para agradecer aos ilustres Senadores Álvaro Dias e Pedro Simon pelo favor de nos haverem alertado para o assunto, que vinha tendo tratativas de alcova.

O que mais me chama a atenção é que o Supremo Tribunal Federal - respeitável e atento STF! - já havia declarada inconstitucional a concessão dessas aposentadorias a ex-governadores desde 1997. Como se não bastasse, a Constituição de 1988 já determinava sua extinção. Que base legal foi utilizada pelos deputados estaduais para manterem a legislação de concessão em vigor? Resumindo, as leis estaduais de concessão de aposentadorias vitalícias a ex-governadores são inconstitucionais.

E se tudo isto é correto, aos Governadores e Deputados Estaduais que concederam novas aposentadorias cabem a imputação de crime de desobediência, flagrante que é o descumprimento de determinação judicial superior, e de improbidade administrativa, pelo desrespeito à Constituição. E mais, cabe o reembolso total das verbas percebidas pelos ex-governadores beneficiados por estas aposentadoria, ressarcindo aos cofres públicos o montante global corrigido monetariamente.

Não há outra atitude a ser adotada pela sociedade. Deve-se exigir que todas as ilegalidades sejam reparadas, e o ataque a seus bolso é a maior das penas possíveis.

Lamento as farras com o dinheiro público não darem ressaca; menos ainda a moral!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Dilma Laden!

Somente o Julian Assange deve saber ao certo, mas o que se tem de informação é que o Bin Laden foi uma criação dos Estados Unidos para expulsar os soviético daquela região, dando-lhe treinamentos e armas para que sua milícia minasse as bases da antiga União Soviética. O que aquela potência não contava era que este se voltasse contra ela própria, utilizando seu aprendizado para aterrorizá-la.

Este contexto parece estar se repetindo em terras tupiniquins. Com a coroação de Dilma na presidência, imagino que o 'por enquanto ex' presidente Lula deve estar pensando: "O que foi que eu fiz!!!"

A mudança de ministros herdados do governo anterior, as instáveis relações com o PMDB e com antigos partidos aliados, a reabertura da licitação para a compra de caças, a volta da possibilidade de extradição de Battisti e outros tantos assuntículos, que aparentemente estão fugindo do controle do 'por enquanto ex' presidente Lula, devem estar-lhe tirando algumas noites de sono, a ponto de interromper suas 'férias de desempregado' e voltar rápido à cena pública, usando como desculpa a catástrofe do Rio de Janeiro.

Incentivada, treinada, imposta pelo 'por enquanto ex' presidente Lula, Dilma assume seu estilo e já começa alterando formas e contextos pré-preparados pelo seu antecessor, numa clara 'afronta' aos seus ditames. O plano do 'por enquanto ex' presidente Lula está indo por água à baixo?

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ONU: só por dinheiro!

Estamos acompanhando estarrecidos o desastre anunciado na região serrana do Rio de Janeiro, o que nos deixa perplexos quanto ao descaso administrativo dos poderes executivos nele envolvidos. Além disso, pergunta-se se alguma entidade ligada a direitos humanos ou de classe não agirá em favor do povo brasileiro, pedindo o indiciamento de todos os administradores negligentes envolvidos nesta tragédia, crime claramente tipificado em nosso Código Penal como Homicídio Culposo, aquele que é consumado por imprudência, imperícia ou negligência. Acredito ser esta a única forma de se coibir novas catástrofes iguais.

Da mesma forma que no Rio de Janeiro, o mundo ainda se vê às voltas com uma tragédia ocorrida há um ano no Haiti, terremoto implacável que dizimou cidades, pessoas, estruturas, vidas. Nada foi feito em prol daquele povo que padece de um sofrimento aparentemente eterno e insolúvel, tal como acontece em relação às nossas enchentes e secas.

O que mais chama a atenção é que, assim como aqui, no Haiti nenhuma medida realmente eficaz é tomada pelas entidades ditas sérias para que se resolva de uma vez por todas as causas que continuam a explicar as mesmas mazelas ano após ano, governo após governo, esperança após esperança.

O que faz a ONU - Organização das Nações Unidas - em favor de povos realmente carentes e necessitados de assessoria e voz? Esta organização, teoricamente com poderes acima das próprias nações isoladamente, tem o condão de interferir na ordem mundial para minorar o sofrimento de povos reféns de maus administradores, apesar de nada fazer neste sentido. Vemos sua interferência 'ágil e eficaz' apenas quando se trata de interesses econômicos de alguns poucos países, eximindo-se num silêncio sepulcral de expressar sequer opinião acerca de qualquer aspecto diferente deste.

Assim como quando uma empresa decreta falência é nomeado um curador da massa falida, na tentativa de reerguer-la, o Haiti necessita de uma intervenção, de uma invasão que seja, de uma tomada até para solucionar de vez a situação dramática daquele povo que vive à míngua e com o chapéu na mão em busca de uma simples refeição diária.  A ONU deve 'tomar' o Haiti para somente devolvê-lo numa situação humanitária minimamente aceitável à condição humana, abrindo processos na corte de Haia contra todos os seus ditadores por crimes contra a humanidade.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Contribua com mais essa!

Ano após ano acompanhamos sensibilizados trocentas campanhas sociais através da mídia: Criança Esperança, Teleton, Amigos da Escola, e por aí vai. Nelas, o povo brasileiro, solidário e sensível por natureza, é 'utilizado' como um belo disfarce a encobrir a incompetência e má-fé do poder público, que desvia verbas importantes da educação, saúde, infra-estrutura entre outras e tenta tapar o buraco com nossas doações em verbas, tempo e trabalho voluntário.

Sei que é muito difícil fechar os olhos às necessidades de alguns tão desassistidos e que nosso impulso inicial é de contribuir, de apiedar-se, de culpar-se um pouco por termos o suficiente enquanto outros tantos nem sequer o básico. Como agir nessas situações de penúria que vemos a todo momento em nosso país e que parecem sempre insolúveis? Apesar de em outros países haver solução pra tudo, no nosso, contraditóriamente, nunca há real solução pra nada! Além do mais, quem consegue fiscalizar eficazmente o destino dessas verbas milionárias que se doa em todas essas campanhas? Você que doou, tem absoluta certeza de que sua doação foi utilizada para favorecer a quem realmente necessitava? No Brasil? Você tem certeza?

Neste momento de mais uma catástrofe no Rio de Janeiro temos, mais uma vez, que doar, por pura solidariedade mesmo! Mas façamos, depois, a maior e mais eficaz doação que é possível para minorar o sofrimento de todos os necessitados do nosso país, e de uma vez só: NÃO REELEJA MAIS NINGUÉM! MUDE A TODOS OS QUE HÁ ANOS VIRAM AS COSTAS AO PAÍS E QUE SÓ FICAM DE FRENTE PARA SEUS BOLSOS! EXTIRPE O POLÍTICO PROFISSIONAL, NOSSO CÂNCER SOCIAL!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Crédito concedido; pagar, como?

Lembro de uma reunião que tivemos quando a empresa decidiu abrir contas em um banco oficial para todos os funcionários, visando facilitar o pagamento mensal e sua própria segurança. Medida bem pensada e que traria benefícios a todos, vez que não se transitaria mais com valores em espécie e nem ela, empresa, estaria com o caixa tão alto nesses dias de pagamento.

Recebemos a visita de um gerente deste banco nos informando de todas as 'imensas facilidades' que o banco ofereceria e das 'vantagens' de sermos seus clientes. Por conta desta parceria, o banco estava disponibilizando para todos os funcionários um cheque especial de valor igual ao salário percebido, inclusive para os que ganhavam salário mínimo, sem maiores explicações sobre sua utilização ou consequências.

Tive que me adiantar e esclarecer aos funcionários mais simples, e sem o hábito das transações bancárias, o que significava este cheque especial, que não era salário, apesar de figurar sempre em seu saldo. Que tivessem muito cuidado quando fossem utilizar fundos da conta, para que não confundissem o seu salário com os recursos do banco, além uma breve explicação sobre a cobrança dos juros compostos caso utilizassem seus limites especiais. No que mais me empenhei foi para explicar o sacrifício que fariam para cobrir o cheque especial, caso o utilizassem.

Notícia de agora do Diário do Grande ABC, por sua colunista Gilmara Santos, trata de informação dada pelo Serasa mostrando o aumento de 46,3% na concessão de crédito pessoal para a camada da população que ganha até $500,00, em 2010. Nas camadas de renda mais elevadas, o aumento foi muito menor.

Esta claro que esta camada da população acredita bem mais na propaganda da excelente situação do país alardiada pelo governo e que, bem sabemos, não passa de marketing e distorção de fatos. O país não está com sua dívida externa paga; não estamos com a dívida interna sobre controle; o país não cresce como deveria.

E quando esta bolha de confiança estourar, como farão para cobrir suas parcelas embutidas em altas taxas de juros? E se o crescimento do país não se sustentar nos níveis esperados e os postos de trabalho começarem a fechar?

Da mesma forma que foi covarde a concessão do cheque especial aos funcionários de baixa renda sem as devidas explicações, o governo ilude o cidadão e o torna mais um refém desses bancos, que tirarão até suas calças mais tarde.

Lula olhou pra trás!

Por aqui costuma-se dizer que quando alguém migra do interior para a capital e continua com os mesmos hábitos, como comer de colher, falar e escrever meio errado, usar roupas mais simples, acordar com os galos e ir dormir com o sol, é porque olhou pra trás quando saiu. O espírito do interior acompanha a todos que saem e olham pra trás! Essa é uma máxima antiga aqui no lado de lá do Ceará.

Presentes levados em 11 caminhões, férias em 'resort' militar, passaportes diplomáticos. Até onde se sabe, o "por enquanto ex" presidente Lula parece já estar sentindo saudades do poder. Quem prova caviar tenta deixar a rapadura de lado. É outra máxima daqui.

Olhar pra trás só é salutar quando se tem a intenção de voltar em breve e, por isso mesmo, não se quer perder a mão, o jeito, o espírito do lugar. Acredito que o "por enquanto ex" presidente Lula olhou pra trás quando pegou aquele avião de volta a São Bernardo do Campo, o que não parece ter acontecido quando fez o caminho inverso. Também, quem não olharia, tendo vivido o que ele viveu e passando a ser o que ele por enquanto ainda é: uma bolha de unanimidade!

sábado, 8 de janeiro de 2011

Calma, bonitão!

Não incomum nos depararmos com a intolerância, a falta de paciência e a precipitação humanas. Na vida de todos há exemplos claros desses deslizes terrenos e que só no céu pode-se esperar diferente.

Acompanhamos atentos e ansiosos o desenrolar dos primeiros momentos do novo governo Dilma Rousseff incapazes de prognósticos minimamente prudentes. Há um achismo midiático intenso. Articulistas visionários exercendo suas mais tresloucadas previsões, baseados em fatos extremamente frágeis e de poucas pistas. Patriotas anônimos - como eu - distribuindo atestados de competência ou incompetência. Julgamentos sumários de cada pequena atitude e deduções definitivas de estilo nas simples aparições em sacadas. Houve até quem dissertasse longamente acerca de como será a gerência rígida e, ao mesmo tempo, descontraída de nossa presidente nas quatro paredes palacianas. Ah!!!

Claro que existe a tendência de tirar conclusões rápidas, tendo em vista as delicadas situações iniciais que se criaram quanto às parcas nomeações do PMDB; com a inércia silenciosa do PSDB; com as belas cagadas finais do 'por enquanto ex' presidente Lula  e com a herança que ele legou, como a compra dos novos caças, a reforma política, o aumento do salário mínimo - que ainda vale para barganha -, o caso Battisti, etc, etc, etc.

Mas nada disso pode ser conclusivo quanto ao que será o governo Dilma. Não! Sinto que teremos que dar mais tempo pra que deduções um pouco mais lógicas nos cheguem aos olhos. Sejamos mais pacientes e tolerantes com aquela que assume meio que no susto uma cadeira tão importante, e que está e será vigiada bem de perto pelo que acabou de levantar.

Quem sabe não somos surpreendidos por boas medidas, por bons projetos, por limpeza política, por retidão de governo! Quem sabe!!! Mas...como não sou ninguém importante nem influente, ainda acho que não!