quarta-feira, 5 de junho de 2013

Resgatado Pelos Passados.


É no teu beijo que desfaço lágrimas dos dias ruins
Daqueles que fazem chorar a alma, e destacam só dores, lamentos e tantos outros sentimentos afins.

Soltas-me teu cheiro em doses que adormecem meu desespero das noites mal dormidas
Entre pensamentos que não em ti
E à procura de explicações que nesta vida não estão contidas.

Abraça-me, a este perdido, na exata hora de minha quase morte,
Quando tento, alucinado, encontrar um simples atalho, um caminho, afobado,
Um qualquer outro falso norte.

Oferta-me a rosa com esta mão de santa, Santa Rosa,
A perfumar meu novo riso com carinho, carícia, alegria,
Que desperta o meu sol todo dia num novo lindo dia,
Envolto em desejos de te cantar cantorias, de te cantar numa viagem de verso e prosa.

Crias vida na vida minha e, em nós, o sabor dos apaixonados.
Em tua presença luzes, cores, formas, olores
Montam o que me agora é a perfeição dos amores
Os mais belos cenários em nossa nova vida, reconstruída baseada toda nos nossos lindos passados.
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Por Valcir Machado.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Médicos no interior.

Opinião.


Médicos no interior.


O Governo Federal tem propiciado a interiorização do ensino superior com a abertura de universidades e institutos federais por todo o país, e essa é uma realidade da qual não podemos nos furtar. Além disso, já existem campi estaduais em algumas grandes cidades fora da área urbana das capitais.

Vivemos hoje uma situação completamente inesperada para qualquer nação, povo ou sociedade: a falta de médicos em muitas cidades no interior de nosso Brasil.

Penso que se é a sociedade quem propicia a boa formação desses profissionais, nada mais justo do que esses retribuírem este benefício de alguma forma. E entendo que deveria haver a obrigatoriedade de, ao final de seus cursos caros mas que pra eles foram totalmente gratuitos, prestarem serviços nas cidades mais carentes de nosso país como carga horária complementar e indispensável à efetiva autorização do exercício da profissão. Penso que um ano seria um período bem justo para esta última etapa, sem a qual devidamente cumprida o formando ainda não estaria apto ao exercício legal da profissão.

Complemento a ideia entendendo ser justo que recebam os salários oferecidos pelas prefeituras, que, diga-se de passagem, não são pequenos.

Acredito que o problema da saúde seria bem amenizado com uma simples alteração curricular das Universidades Públicas, federais e estaduais, e o benefício social seria inestimável.

Aceito bem, como sempre, as opiniões divergentes.


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Novo Céu.


Que te salte aos olhos, já esgotados meus esforços, tudo o que sou por mais simples que seja, como num laço definitivo de um louco Amor que de longe ainda reluz, ainda brilha, lampeja.
Mesmo à luz pouca da dúvida, claridade opaca, clarividência turva, que tua retina componha meu sublime esperar, e, de vez, abra novo sorriso daqueles que só tu soubeste fazer com um simples e tranquilo olhar.
E que em discreta nova paixão, que agora serena, mais calma, mais certa, teu coração se aposse do meu tal um posseiro que hoje senhor, como só um velho novo amor sabe dos atalhos certos de nele se chegar.
Novo luar haverá de abrir com toda discrição o meu novo céu que agora estrelado, a compor calado teu novo chegar com o mais belo cenário, que de tão bem decorado pelo toque do carinho lhe seja firme caminho de apenas voltar, e um seguro pra sempre ficar.

Valcir Machado.

sábado, 28 de julho de 2012

Caçado.

Desengavetou pequenos vestígios que haviam daquele amor
Transformou-os em nova grande pista
Como um predador que tenta não perder de vista 
Ao ver fugir a caça do caçador.

Descansar da busca frenética que sempre o impulsionava
Era deixar de lado todo o sentimento que lhe havia
Era um desviar de rumo que não sabia
Aonde lhe levaria tamanha empreitada.

Seguiu as pegadas deixadas pelo tempo
E ao perceber que era o caçado
Ainda com o olhar desatento
Deixou-se levar pelo mesmo sonho ainda que encantado.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Escapada.

Fujo da tristeza por atalhos que ela desconhece,
E planto novas raízes onde doces aromas suaves a assustarão.
Uso as mesmas sandálias surradas dessa vida - únicas comigo,
Sequer disfarço novos rastros, nem temo mais uma solidão.

Desisti de percorrer as mesmas veredas

A me levarem de volta aos mesmos caminhos.
Conhecidos caminhos que me retiveram nas veredas,
Desesperança em velhos confusos carinhos.

Sigo, e à frente apenas folhas, flores, rumos a perder de vista,
É meu ofício agora seguir, afora sonhar meu sonho.
À sombra de palmeiras gigantes, disfarces do céu que já não via,
Flutuo alheio em vento lento, leve, alento, risonho.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Volta, vida!

Que na vida, as surpresas me levem a cada dia
Entre ventos com ares matinais
Cheio das descrenças leves da saudade
Imerso na lembrança tua.

Sem temores nem enganos,
Reserva-me o sorriso que lembro
E temi perder um dia - chegadas e idas
Por entre turvas vielas em noites sem lua.

Dá o sinal que espero em sofrimento pleno
Ansiedade chorada nos becos estranhos
Por onde anda meu coração em desespero
Por tua imagem viva, suada, nua.

Teu olhar sorrateiro chega, se deita num acalanto
Ladeia meu peito ainda ao relento
Estranho novo re-sentimento
Que dentro agora se refugia, me flutua.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Templo da Distância

Não é mais o tempo o que mais temo
Mas a distância que dele me faz prisioneiro
Preso num esperar sem fim
Sem passar, um nunca chegar

Como uma rosa ao seu espinho
Intrínseco na concepção
Devo à distância o tempo
A furtar alentos, as matizes que tenho

Sou nuvem que espera ser chuva
Um sol para nada irradiar
Vento que sopra sem balançar
Areia inútil de praia deserta.

Hoje, no nublado do dia é que me vejo
Tal mancha borrada em um espelho torto
Sem mais coração para chorar 
Tudo se resume num lento esperar.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Encontro.

Encontro.

Nos drinks, olhares inflamados desnudam desejos de plena ânsia.
Haveriam, sim, de liberar os pequenos sentidos.
E que daquele olhar resultassem mais sentimentos,
Os melhores já vividos vãos momentos.

As mãos enlaçadas embaixo da mesa
Desenrolavam uma tormenta de intenções.
Viveriam o pouco do que deles ali resultasse,
Simples paixão; grande imparcialidade.

Do efêmero, um pequeno eterno se criava.
Um mundo novo, um novo modo.
Um novo mundo de quem, sem saber, já se procurava.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Não-Humano!


Queria eu saber amar
Saber amar sem cobrar presença
Sem exigir trocas, nada
Sem esperar o mesmo amor

Queria eu sofrer calado
Acordar ao lado
Sem tantas perguntas
Apenas feliz por ter chegado

Queria eu não sonhar muito
Não chorar muito
Nada muito!

Queria eu ser um anjo
Um ser encantado, reapaixonado
Pra saber amar certo
Certo como um não-humano.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Busca!



(Por  Carmen Lucia Lima Sarmento e Valcir Machado.)



Sonambula, busco nos passos da noite companhia,
Lugares nunca vistos
Corpos desconhecidos
Alguém que me estenda a mão,
Afetos em outra dimensão

Não me acordes; tu não estás em meus devaneios.
Deixe-me vagar a ermo
Nessa solidão em que me aprisionaste.
Lugares que visito em sonambulas pegadas
São meu alimento da alma, minha razão, minha eterna busca.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Dois em Um !

Tão simples...! Dois simples!
Simples no cheiro e no gosto,
Na personalidade e sentimentos.

Simples na vida e sonhos;
Simples no afeto e carinho.
Simples..., amor!

E é simples assim:
De um encontro, o encanto...
De um beijo, o desejo...
Um filho eternizando os laços
E a certeza da escolha de um amor pra toda a vida!


*** Poema escrito por SMS entre mim e Márcia, minha esposa!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Construção.

Se é verdade que uma inocente mentira
pode romper o mais lindo amor,
Que meu peito escorra dos olhos
em francas lágrimas de arrependimento.
Nem me importa mais sua crença, se do que sinto bem sei.

E vou-me construindo em vidas,
repetidas vidas,
Entre as navalhas dos ensinos a lapidarem meu ser amorfo.

Nos semblantes difusos,
Beiras e bordas desalinham o corpo da alma,
Como se renegassem o que somos: uma construção.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Inocente perdão.



Escoava-se pela pena em rabiscos, absorto em devaneios típicos da saudade.
Não percebia entre frestas o lume a lhe tocar a face, o luar que sorrateiro espreitava.
Cheio do encanto que vivera, assediando sem consolo a própria alma,
Desprende da mão a letra tocada de sentimento; uma lágrima. Nada escrevera!

Tornou de onde veio com o afã do encontro, louco de pesar pelo tanto que não fizera.
Perdera-se num ponto qualquer de si mesmo quando esperou ser mais do que era.
Esperança de aceitação, único desejo agora, razão única de voltar.
Já, de si, nada a mais esperava.

De tudo o que recebera, o sorriso foi mais marcante, espalhado no rosto daquela com quem tanto sonhara.
Pula em seus braços doce menina, que das poucas realizações, a que de fato amava.


quarta-feira, 15 de junho de 2011

Que esperança!

Como vou lamentar se a cidade é fantástica!!!
Verdade... não existe aeroporto ainda. Também, como justificar um para atender a 14 mil habitantes? Claro que não tem e claro que tão cedo não terá. E isso é apenas mais um dos encantos de lá.

Como sempre, tive que ir à rodoviária para agendar minha viagem pro 'lado de lá do Ceará'. Trajeto demorado mas prazeroso, só por saber que em apenas 6 horas de sono profundo - geralmente durmo a viagem inteira - estarei chegando perto do paraíso, não fosse o reinado PSDBista há quase duas décadas. Costumo dizer que nenhum povo merece a desdita de ter um mesmo grupo no poder por muito tempo, sob pena desse grupo se apoderar da região pra si, se apoderar do próprio povo. E é exatamente isso o que acontece por lá.

Paro no semáforo e sem ter o que fazer, enquanto rola a discreta suavidade de Enya, olho absorto ao meu redor e vejo na esquina um velho senhor aparentando seus 70 anos, sentado no chão de chapéu e óculos escuros, com uma latinha de goiabada sem a tampa bem à sua frete, como se largada ali perto de suas pernas.

Pobre cego, pensei! Não precisava ser nenhum gênio para deduzir isso: sentado e encolhido na calçada, de chapéu e óculos escuros, cabeça reclinada para frente como quem ora e a mão estendida como quem suplica.

Temos o reflexo mental de nos apiedar de cenas como esta. Logo pensamos no contexto social injusto a que os políticos nacionais nos impõem dia após dia, década após década, em mandatos sucessivos impregnados de profissionais inertes e inférteis. Como posso combater isso se nada sou além de cidadão!!!

Fico apreensivo ao ver que na mesma calçada, indo na direção daquele senhor sentado, aparece outro mendigo, este com uma aparência menos humilde, mais debochada e de aspecto mais maltrapilho, muito mais sujo por sinal. Aproxima-se aos poucos, passos lentos e vacilantes, andando bem perto do muro como se não quisesse ser notado.

Com a escola que temos e que nos é imposta de cima pra baixo - entenda-se casos Mensalão, Palocci, filhos ricos de Lula, falcatruas no Congresso, no STF e adjacências -, lógico que me veio um pensamento mau, porém inevitável: ele irá se aproveitar do pobre cego e levar o apurado do dia. Nossa!!! Gelei com a possibilidade de presenciar uma cena tão mesquinha, tão vil, tão humilhante que seria um necessitado agredindo outro, como se dois ursos famintos disputassem o mesmo peixinho de um aquário.

O maltrapilho se aproxima; engatilho abrir a porta do carro; tiro o sinto de segurança; abro a porta e já estou em pé fora do carro pronto para interceder; o maltrapilho se agacha em frente à latinha de goiabada; já estou contornando o carro; ele pega uma moeda que está no chão ao lado da latinha e a coloca de volta; e segue seu caminho trôpego, ora no muro, ora na guia.

E agora..., como justificar que alguns, apenas pela ambição e pela vaidade do acúmulo de riquezas, se corrompam!!!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Na Ponte Aérea.

Reendição de crônica publicada em 03/94.




Acordei subitamente quando recebi uma pancada no ombro esquerdo. Ainda meio que dormindo, abri a janela para tentar entender o que se passava no assento ao lado. Não adiantou; já era noite.

Imediatamente acionei o interruptor de luz de leitura, que não funcionou. Raridade, pensei, algo defeituoso nessas aeronaves modernas e tão rigorosamente inspecionadas. Esse pequeno detalhe havia escapado às checagens minunciosas dos técnicos.

Entendi, por haver batido e ficado, que deveria ser uma pessoa dormindo e com sua cabeça recostada de tão relaxada. Permanecia com sua cabeça no meu ombro, o que me causava um certo incômodo: não podia me mexer para não acordá-la. Parecia dormir muito profundamente. Poderia ser uma linda garota loira, sonolenta, de olhos azuis e que havia ganho o concurso "Garota da Praia" do litoral paulista.

Resolvi, então, deixar as coisas como estavam e tentar localizar meus óculos para ver ao menos, quem sabe, sua silhueta. Certificaria-me, assim, de que era uma tremenda gata dormindo no meu ombro forte e protetor (risos!). Mas minha sacola de mão estava no bagageiro superior e meus óculos dentro dela. Eu não imaginei que poderia precisar deles. Minha intenção era a de só acordar quando a aeromoça, falando com sotaque tipo telesexo, me avisasse que o avião já iria ser recolhido ao hangar.

Sem conseguir identificar de quem se tratava, imaginei que bem poderia ser uma estrela da tv. Passageiros constantes dessa ponte aérea, quem sabe não seria a Suzana Vieira, Lucinha Lins ou aquela cearense charmosa Luiza Tomé!

Meu Deus!!! Bem que pode ser um homem!!! E porque não? Homens também viajam na ponte aérea!

Foi aí que percebi que eu não havia sentido qualquer aroma agradável de perfume feminino. E que mulher bonita viajaria na ponte aérea sem perfume, ainda mais se fosse uma estrela!!! Senti meu corpo gelar. Como nós fumantes não temos um olfato muito confiável, vi que poderia estar apenas impressionado, e à toa.

Tentei lembrar da hora do embarque. Haviam poucas pessoas no vôo. Mas quem fica fazendo cálculo de probabilidade das chances de sentar-se ao lado de uma mulher na hora do embarque? E mesmo que as chances matemáticas sejam grandes, quem garante o acerto? E quem observa quantos de cada sexo embarcam? Oswald de Souza talvez tivesse respostas; eu só tinha dúvidas!

Pensei, então, e por conta dos riscos, em me afastar ao máximo para perto da janelinha e deixar aquela cabeça ir caindo, caindo até pendurar. Eu já estava espremido, quase saindo pela fuselagem da aeronave; não havia mais para onde afastar.

E é incrível como nessas horas ninguém percebe seu sufoco e ninguém aparece pra lhe ajudar.

Não poderia suportar aquela situação por muito mais tempo. Estava ficando impaciente. Resolvi, então, esperar a hora em que seria servido o cafezinho, quando certamente as luzes internas seriam todas acesas. Hoje percebo que somente alguns segundos dessa espera ficaram parecendo horas. Por um instante achei que poderia ser bem pior se aquela cabeça roncasse!

Como o café não chegava nunca, apelei para o último dos cinco sentidos que o fumo ainda não havia destruído em mim: o tato. Pensei em apalpar o rosto daquela cabeça, porém havia um risco muito grande de ser um homem; e como eu ficaria! Comecei a mover lentamente o ombro-travesseiro para tentar detectar um brinco, cabelo longo ou se, por incomodada, aquela cabeça fazia um 'huummmm' demorado e que eu pudesse identificar o timbre de voz. Para minha surpresa, espanto, calafrio, medo, terror, pânico e outras coisas mais, meu ombro espinhou. Era uma barba, e das mal feitas! Agora tinha uma terrível certeza: era um homem!

Por que tinha que ser um homem e justamente daqueles que dorme em qualquer lugar e de qualquer jeito, como eu? Se a barba era mal feita, devia ser daqueles bem relaxados que nem banho toma. É por isso que nunca entendi como pode uma mulher gostar de um homem: que bicho nojento!!!

Não sabia o que fazer. Estava encurralado no canto da janelinha cercado de assentos por todos os lados, com um bagageiro em cima e com um homem dormindo no meu ombro. Tantos lugares vagos e eu sento justamente aqui! E esse cara justamente aí!!!

Nos momentos críticos de nossas vidas, costumeiramente tomamos decisões radicais. E eu tomei uma naquele instante: viajaria sempre no corredor!!!

Tinha que fazer alguma coisa. Levantei bruscamente para acordar de vez aquela cabeça. Bati a minha cabeça no bagageiro superior que abriu derrubando minha sacola, tombei na janela, enfiei a mão no cinzeiro, quebrei o relógio, caí pesadamente em cima do homem a meu lado, despenquei de peito no chão. Atordoado e preso entre as poltronas, percebi que todas as luzes foram acesas e ouvi uma criança chorando e reclamando:

- Mãe!!!!!!!!!!! O homem feio machucou o Bóris!!! ... seu ursão de pelúcia.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Pai..., não, mãe!

Cresci no bairro do Aeroporto entre jogos de futebol na rua, pipa, peão, bicicleta, banhos de chuva, 'polícia e ladrão', pique-esconde, namoradinhas nas festinhas e muitos amigos do tipo amigo até hoje. Não conto as vezes em que fiquei de castigo por haver roubado frutas do quintal do vizinho, por haver quebrado a vidraça da casa daquele velho chato que teimava em furar nossa bola. Assisti 'A Feiticeira', 'Perdidos no Espaço', 'Viagem ao Fundo do Mar', e por aí vai. Uma infância totalmente normal, inclusive levando as duras de minha mãe e as broncas de meu pai.

Na adolescência era mais ou menos assim: dentro de casa minha mãe mandava; se o assunto era fora de casa ou financeiro, aí meu pai resolvia. Os papéis claramente determinados dentro de um lar aonde os sexos eram claramente definidos.

E vivi toda a vida acompanhando e me adaptando às mudanças do mundo, vendo minha esposa se profissionalizando, minha filha me chamando de 'você' e argumentando acerca de nossas determinações - ainda com respeito, mas argumentando, o que não nos era permitido antes! - e esticando os horários de chegar em casa, com carro e moto à disposição pra ir à faculdade e algumas outras novidades dos tempos modernos.

Mas os tempos são outros,... mudou demais!!!
Fico agora num exercício de divagação inevitável acerca de algumas novas situações, como as futuras reuniões de pais e mestres nas escolas: "Raulzinho, seus pais não vão vir hoje à reunião? E quanto a vc, Carlinhos, suas mães não virão?

Vai dar confusão.
- QueridA, não deixe mais suas cuecas no banheiro; tanto que eu lhe peço!
- Amor, me empresta aquela sua calçinha linda que lhe dei de presente no nosso aniversário de casamento!

E o menino:
- Pai..., quer dizer, mãe, posso ir na casa do Leonardo?
- Poxa, professora, minha mãe, digo, meu pai..., meus pais..., minhas mães... não lavaram minha farda!

E o amiguinho:
- Juquinha, sua mãe..., aliás, seu pai chegou pra lhe pegar! Corre!
- Belinha, esse penteado que sua mãe fez..., quer dizer, que seu pai fez, tá lindo!
- Paulinho, a sua mãe é seu pai!?!?!

Nada contra os direitos civis envolvidos no assunto. Muito pelo contrário, sou totalmente a favor que se respeite a dita comunhão de bens e de direitos sociais afetas a qualquer união estável, mas a adoção, a fecundação in vitro, o aluguel de barrigas, nada disso me parece natural dentro de uma sociedade ainda não preparada para tal. Entendo da mesma forma quanto ao beijo homo em público; ainda é meio escandaloso e chocante para a grande maioria.

Penso que é um grande egoísmo casais homoafetivos - termo novinho! - almejarem à fomação de uma família nos padrões antigos. Que montem suas familias, mas em novos padrões, já que o padrão de união é outro. As crianças sofrerão discriminação, gozações, constrangimentos, bullying e tantas outras situações ruins ainda por serem anormais tais relações. Falo 'anormais' apenas por não serem ainda tão normais; só isso; nada de preconceito, por favor!

Espero que nosso legislativo, para quem o judiciário escancaradamente passou a bola, siga a tendência mundial e social na aceitação dessas uniões, mas preserve a formação e o bem-estar de nossas crianças, já que a sociedade não evoluiu tão rápido quanto os conceitos de alguns.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Algas da Indonésia.

Neste mês que passou fiquei pensando no que escrever. Não me vinha tema algum que despertasse a atenção ou o desejo de decifrá-lo nos escritos. Acerca da vida, quem sou eu para discorrer. Sobre a crise no Egito, na Líbia e no mundo Árabe em geral já não tinha muito mais o que dizer. Acerca das picaretagens de nossos políticos e dos escândalos que sempre estouram e estragam nossos dias, perdeu a graça. Tsunami e crise atômica no Japão, todos já explicaram muito bem. E... nada de tema.

Fui tomar meu banho cheio de lamentações por não ser um escritor de verdade, afinal qual deles não escreve constantemente, não tem inspiração quase permanente, não chega à definição de um simples tema! Não... definitivamente eu não era um escritor! Triste constatação que quase me fez afogar no chuveiro.

Decepcionado comigo mesmo, joguei o sabonete com força na parece, que repicou e acertou bem naquele ossinho mais descoberto da canela, aquele mesmo que não tem um pingo de gordura para protegê-lo. Num reflexo natural, levantei a perna ligeiro e com raiva, pisando de volta no próprio sabonete e despencando no chão do boxe. Antes de cair, porém, e como todo mundo faria, tentei me segurar em alguma coisa. O que consegui pegar foi o vidro de xampú, mas, de passagem, esbarrei naquele frasco lindo de óleo pós banho de minha mulher, daqueles bem caros e que só se vende por encomenda. Além do mais, leva séculos para chegar. A consultora havia-lhe dito que era muito difícil a empresa de cosméticos voltar a comercializar aquele item hoje em dia, já que era produzido a partir de algas marinhas cultivadas em cativeiro nos mares da Indonésia e que desde o tsunami do ano passado havia ficado muito rara sua importação.

Para meu desespero o óleo quebrou, e eu ainda troncho no chão pensava na justificativa que iria dar a ela quando chegasse. O galo na cabeça nem me incomodava, nem a canela doendo, nem o cotovelo ferido, nem o pé cortado no beiço da porta, nem mesmo o fato de não ser um escritor. Nada me passava pela cabeça, exceto a desculpa que eu teria que encontrar para a catástrofe tão ou mais grave que a nuclear no Japão. Teria que agir como uns Senadores que conheço e que dizem que a aposentadoria que requereram é para doação. Tinha que pensar em algo bom... e rápido!

Chega ela e vai para o banheiro. Ainda mancando, me apoiando nas paredes, corri e fechei a porta.

- O que vc está me escondendo? Fala logo, Negão! - é assim que ela me trata carinhosamente!

- Nada, amor! - é assim que eu a trato quando estou com medo!

- Fala logo...vai! Vc sabe que eu não suporto essa sua cara de sonso!

Pronto, haveria de contar, até porque ela descobriria logo e eu não teria como negar mais nada.

- Sabe o que é..... - pensava eu com a mesma dissimulação dos nossos políticos quando são flagrados em fatos inegáveis!

Nem terminei a frase e ela já me empurrou, abriu a porta num chute, olhou em volta. Eu corri; desci com a desculpa de fumar um cigarro. Fumei cinco, até que criei coragem e voltei, disposto a enfrentar qualquer coisa. Além de não ser um escritor, seria um rato!!! Afinal, quem de nós nunca quebrou um óleo hidratante pós banho difícil de encontrar e mais ainda de receber, cuja matéria prima são algas marinhas importadas cultivadas nos cativeiros dos mares da Indonésia e que não eram mais produzidos por conta de um tsunami? Quem, quem!!!

Entrei, liguei a TV baixinho, sentei bem devagar e me fiz de morto. Ela chega e me dá um abraço e um beijo:

- Estou tão arrependida de ter brigado com vc, Negão...! Detestei aquela porcaria de hidratante!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Na velocidade da lentidão.

O mundo está mudando. Novidade alguma nisso. Muda na velocidade dos bits, pela mão dos novos gênios, com a disseminação voluntária da boa informação.
O mundo Árabe é o exemplo mais notório do momento atual, onde a conexão é a palavra chave dos levantes, congregando ideais e valores - mesmo que este movimento tenha sido articulado inicialmente por militares de forma velada.
Sem muito esforço, as pessoas se identificam e se reconhecem em seus desalentos, devaneios, esperanças e certezas, como povo, enfim, deixando claro que essas certezas são o rumo que o país deve tomar.

Mas como até na ocupação fomos meio diferentes da grande maioria dos povos, não poderíamos estar descendo na mesma onda junto com os demais. Temos que esperar sempre a próxima onda, pretenciosamente, sobrando-nos como consolo as marolas de final de maré. Perdemos os bondes da história e deixamos pra agir depois de todos, vendo passar ao largo as grandes oportunidades. Só para ilustrar, por quê não embarcamos juntos no movimento das 'Mães da Praça de Maio' da Argentina, já que vivíamos - e ainda vivemos - o mesmo argumento do movimento?

Não somos nem melhores nem piores que qualquer outro povo do mundo. Somos apenas complacentes demais com desmandos e incoerências. Somos um povo elogiado por ser acolhedor, alegre, gentil, 'da paz', o que hoje deixa de ser virtude para ser defeito.

As mudanças em nosso país não acontecem realmente. O Brasil é reconhecidamente 'o país do faz de conta'. Nada funciona com a efetividade das boas soluções. Nos acomodamos com paliativos sociais e políticos, vendo a história passar à nossa frente, perdendo os bondes das melhorias e deixando como herança lixos estruturais e morais aos nossos descendentes pela nossa eterna espera do momento ideal.

Temos que sair à nosso favor como povo e como país. Esqueçamos as boas maneiras - que seja! - para mostra que queremos e merecemos respeito como povo, como cidadãos, como gente que alimenta a esperança de dias melhores pelas virtudes, que ainda é a nossa essência.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Aproveitador, eu?

Algumas palavras da língua caem em desuso. Processo normal na evolução de todos os povos. Mas a palavra 'Indignação' é o primeiro exemplo no mundo de uma que se tornou incompetente! Brasileiro, vibre; você fez isso!

Acompanhamos a nova farra que surgiu com o dinheiro público: as absurdas aposentadoria vitalícias concedidas a ex-governadores. Aproveito para agradecer aos ilustres Senadores Álvaro Dias e Pedro Simon pelo favor de nos haverem alertado para o assunto, que vinha tendo tratativas de alcova.

O que mais me chama a atenção é que o Supremo Tribunal Federal - respeitável e atento STF! - já havia declarada inconstitucional a concessão dessas aposentadorias a ex-governadores desde 1997. Como se não bastasse, a Constituição de 1988 já determinava sua extinção. Que base legal foi utilizada pelos deputados estaduais para manterem a legislação de concessão em vigor? Resumindo, as leis estaduais de concessão de aposentadorias vitalícias a ex-governadores são inconstitucionais.

E se tudo isto é correto, aos Governadores e Deputados Estaduais que concederam novas aposentadorias cabem a imputação de crime de desobediência, flagrante que é o descumprimento de determinação judicial superior, e de improbidade administrativa, pelo desrespeito à Constituição. E mais, cabe o reembolso total das verbas percebidas pelos ex-governadores beneficiados por estas aposentadoria, ressarcindo aos cofres públicos o montante global corrigido monetariamente.

Não há outra atitude a ser adotada pela sociedade. Deve-se exigir que todas as ilegalidades sejam reparadas, e o ataque a seus bolso é a maior das penas possíveis.

Lamento as farras com o dinheiro público não darem ressaca; menos ainda a moral!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Dilma Laden!

Somente o Julian Assange deve saber ao certo, mas o que se tem de informação é que o Bin Laden foi uma criação dos Estados Unidos para expulsar os soviético daquela região, dando-lhe treinamentos e armas para que sua milícia minasse as bases da antiga União Soviética. O que aquela potência não contava era que este se voltasse contra ela própria, utilizando seu aprendizado para aterrorizá-la.

Este contexto parece estar se repetindo em terras tupiniquins. Com a coroação de Dilma na presidência, imagino que o 'por enquanto ex' presidente Lula deve estar pensando: "O que foi que eu fiz!!!"

A mudança de ministros herdados do governo anterior, as instáveis relações com o PMDB e com antigos partidos aliados, a reabertura da licitação para a compra de caças, a volta da possibilidade de extradição de Battisti e outros tantos assuntículos, que aparentemente estão fugindo do controle do 'por enquanto ex' presidente Lula, devem estar-lhe tirando algumas noites de sono, a ponto de interromper suas 'férias de desempregado' e voltar rápido à cena pública, usando como desculpa a catástrofe do Rio de Janeiro.

Incentivada, treinada, imposta pelo 'por enquanto ex' presidente Lula, Dilma assume seu estilo e já começa alterando formas e contextos pré-preparados pelo seu antecessor, numa clara 'afronta' aos seus ditames. O plano do 'por enquanto ex' presidente Lula está indo por água à baixo?

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ONU: só por dinheiro!

Estamos acompanhando estarrecidos o desastre anunciado na região serrana do Rio de Janeiro, o que nos deixa perplexos quanto ao descaso administrativo dos poderes executivos nele envolvidos. Além disso, pergunta-se se alguma entidade ligada a direitos humanos ou de classe não agirá em favor do povo brasileiro, pedindo o indiciamento de todos os administradores negligentes envolvidos nesta tragédia, crime claramente tipificado em nosso Código Penal como Homicídio Culposo, aquele que é consumado por imprudência, imperícia ou negligência. Acredito ser esta a única forma de se coibir novas catástrofes iguais.

Da mesma forma que no Rio de Janeiro, o mundo ainda se vê às voltas com uma tragédia ocorrida há um ano no Haiti, terremoto implacável que dizimou cidades, pessoas, estruturas, vidas. Nada foi feito em prol daquele povo que padece de um sofrimento aparentemente eterno e insolúvel, tal como acontece em relação às nossas enchentes e secas.

O que mais chama a atenção é que, assim como aqui, no Haiti nenhuma medida realmente eficaz é tomada pelas entidades ditas sérias para que se resolva de uma vez por todas as causas que continuam a explicar as mesmas mazelas ano após ano, governo após governo, esperança após esperança.

O que faz a ONU - Organização das Nações Unidas - em favor de povos realmente carentes e necessitados de assessoria e voz? Esta organização, teoricamente com poderes acima das próprias nações isoladamente, tem o condão de interferir na ordem mundial para minorar o sofrimento de povos reféns de maus administradores, apesar de nada fazer neste sentido. Vemos sua interferência 'ágil e eficaz' apenas quando se trata de interesses econômicos de alguns poucos países, eximindo-se num silêncio sepulcral de expressar sequer opinião acerca de qualquer aspecto diferente deste.

Assim como quando uma empresa decreta falência é nomeado um curador da massa falida, na tentativa de reerguer-la, o Haiti necessita de uma intervenção, de uma invasão que seja, de uma tomada até para solucionar de vez a situação dramática daquele povo que vive à míngua e com o chapéu na mão em busca de uma simples refeição diária.  A ONU deve 'tomar' o Haiti para somente devolvê-lo numa situação humanitária minimamente aceitável à condição humana, abrindo processos na corte de Haia contra todos os seus ditadores por crimes contra a humanidade.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Contribua com mais essa!

Ano após ano acompanhamos sensibilizados trocentas campanhas sociais através da mídia: Criança Esperança, Teleton, Amigos da Escola, e por aí vai. Nelas, o povo brasileiro, solidário e sensível por natureza, é 'utilizado' como um belo disfarce a encobrir a incompetência e má-fé do poder público, que desvia verbas importantes da educação, saúde, infra-estrutura entre outras e tenta tapar o buraco com nossas doações em verbas, tempo e trabalho voluntário.

Sei que é muito difícil fechar os olhos às necessidades de alguns tão desassistidos e que nosso impulso inicial é de contribuir, de apiedar-se, de culpar-se um pouco por termos o suficiente enquanto outros tantos nem sequer o básico. Como agir nessas situações de penúria que vemos a todo momento em nosso país e que parecem sempre insolúveis? Apesar de em outros países haver solução pra tudo, no nosso, contraditóriamente, nunca há real solução pra nada! Além do mais, quem consegue fiscalizar eficazmente o destino dessas verbas milionárias que se doa em todas essas campanhas? Você que doou, tem absoluta certeza de que sua doação foi utilizada para favorecer a quem realmente necessitava? No Brasil? Você tem certeza?

Neste momento de mais uma catástrofe no Rio de Janeiro temos, mais uma vez, que doar, por pura solidariedade mesmo! Mas façamos, depois, a maior e mais eficaz doação que é possível para minorar o sofrimento de todos os necessitados do nosso país, e de uma vez só: NÃO REELEJA MAIS NINGUÉM! MUDE A TODOS OS QUE HÁ ANOS VIRAM AS COSTAS AO PAÍS E QUE SÓ FICAM DE FRENTE PARA SEUS BOLSOS! EXTIRPE O POLÍTICO PROFISSIONAL, NOSSO CÂNCER SOCIAL!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Crédito concedido; pagar, como?

Lembro de uma reunião que tivemos quando a empresa decidiu abrir contas em um banco oficial para todos os funcionários, visando facilitar o pagamento mensal e sua própria segurança. Medida bem pensada e que traria benefícios a todos, vez que não se transitaria mais com valores em espécie e nem ela, empresa, estaria com o caixa tão alto nesses dias de pagamento.

Recebemos a visita de um gerente deste banco nos informando de todas as 'imensas facilidades' que o banco ofereceria e das 'vantagens' de sermos seus clientes. Por conta desta parceria, o banco estava disponibilizando para todos os funcionários um cheque especial de valor igual ao salário percebido, inclusive para os que ganhavam salário mínimo, sem maiores explicações sobre sua utilização ou consequências.

Tive que me adiantar e esclarecer aos funcionários mais simples, e sem o hábito das transações bancárias, o que significava este cheque especial, que não era salário, apesar de figurar sempre em seu saldo. Que tivessem muito cuidado quando fossem utilizar fundos da conta, para que não confundissem o seu salário com os recursos do banco, além uma breve explicação sobre a cobrança dos juros compostos caso utilizassem seus limites especiais. No que mais me empenhei foi para explicar o sacrifício que fariam para cobrir o cheque especial, caso o utilizassem.

Notícia de agora do Diário do Grande ABC, por sua colunista Gilmara Santos, trata de informação dada pelo Serasa mostrando o aumento de 46,3% na concessão de crédito pessoal para a camada da população que ganha até $500,00, em 2010. Nas camadas de renda mais elevadas, o aumento foi muito menor.

Esta claro que esta camada da população acredita bem mais na propaganda da excelente situação do país alardiada pelo governo e que, bem sabemos, não passa de marketing e distorção de fatos. O país não está com sua dívida externa paga; não estamos com a dívida interna sobre controle; o país não cresce como deveria.

E quando esta bolha de confiança estourar, como farão para cobrir suas parcelas embutidas em altas taxas de juros? E se o crescimento do país não se sustentar nos níveis esperados e os postos de trabalho começarem a fechar?

Da mesma forma que foi covarde a concessão do cheque especial aos funcionários de baixa renda sem as devidas explicações, o governo ilude o cidadão e o torna mais um refém desses bancos, que tirarão até suas calças mais tarde.

Lula olhou pra trás!

Por aqui costuma-se dizer que quando alguém migra do interior para a capital e continua com os mesmos hábitos, como comer de colher, falar e escrever meio errado, usar roupas mais simples, acordar com os galos e ir dormir com o sol, é porque olhou pra trás quando saiu. O espírito do interior acompanha a todos que saem e olham pra trás! Essa é uma máxima antiga aqui no lado de lá do Ceará.

Presentes levados em 11 caminhões, férias em 'resort' militar, passaportes diplomáticos. Até onde se sabe, o "por enquanto ex" presidente Lula parece já estar sentindo saudades do poder. Quem prova caviar tenta deixar a rapadura de lado. É outra máxima daqui.

Olhar pra trás só é salutar quando se tem a intenção de voltar em breve e, por isso mesmo, não se quer perder a mão, o jeito, o espírito do lugar. Acredito que o "por enquanto ex" presidente Lula olhou pra trás quando pegou aquele avião de volta a São Bernardo do Campo, o que não parece ter acontecido quando fez o caminho inverso. Também, quem não olharia, tendo vivido o que ele viveu e passando a ser o que ele por enquanto ainda é: uma bolha de unanimidade!

sábado, 8 de janeiro de 2011

Calma, bonitão!

Não incomum nos depararmos com a intolerância, a falta de paciência e a precipitação humanas. Na vida de todos há exemplos claros desses deslizes terrenos e que só no céu pode-se esperar diferente.

Acompanhamos atentos e ansiosos o desenrolar dos primeiros momentos do novo governo Dilma Rousseff incapazes de prognósticos minimamente prudentes. Há um achismo midiático intenso. Articulistas visionários exercendo suas mais tresloucadas previsões, baseados em fatos extremamente frágeis e de poucas pistas. Patriotas anônimos - como eu - distribuindo atestados de competência ou incompetência. Julgamentos sumários de cada pequena atitude e deduções definitivas de estilo nas simples aparições em sacadas. Houve até quem dissertasse longamente acerca de como será a gerência rígida e, ao mesmo tempo, descontraída de nossa presidente nas quatro paredes palacianas. Ah!!!

Claro que existe a tendência de tirar conclusões rápidas, tendo em vista as delicadas situações iniciais que se criaram quanto às parcas nomeações do PMDB; com a inércia silenciosa do PSDB; com as belas cagadas finais do 'por enquanto ex' presidente Lula  e com a herança que ele legou, como a compra dos novos caças, a reforma política, o aumento do salário mínimo - que ainda vale para barganha -, o caso Battisti, etc, etc, etc.

Mas nada disso pode ser conclusivo quanto ao que será o governo Dilma. Não! Sinto que teremos que dar mais tempo pra que deduções um pouco mais lógicas nos cheguem aos olhos. Sejamos mais pacientes e tolerantes com aquela que assume meio que no susto uma cadeira tão importante, e que está e será vigiada bem de perto pelo que acabou de levantar.

Quem sabe não somos surpreendidos por boas medidas, por bons projetos, por limpeza política, por retidão de governo! Quem sabe!!! Mas...como não sou ninguém importante nem influente, ainda acho que não!

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Lula: Dois pesos, duas medidas!

Quem não está meio que decepcionado com a negação de extradição do 'bandido' Césare Battisti? Mesmo, e apesar das interpretações jurídicas do caso, não deixa de ser meio frustrante para o povo brasileiro saber que mais um bandido estará bem protegido sob as asas desta terra mãe gentil, que já concede tantos 'direitos' a tantos outros.

Como aceitar a interpretação diferente da mesma lei que autoriza este asilo político e não aos boxeadores cubanos que apenas queriam viver com mais dignidade e ter mais oportunidades em seu esporte?

Ao que parece, dois pesos e duas medidas são utilizados em casos semelhantes. Apesar de entender bem que a formalidade jurídica por vezes autoriza e em outras nega com base em uma simples vírgula, há de se pensar um pouco mais amplo neste caso.

Sabe-se pouco acerca dos que realmente foram punidos nos casos de corrupção envolvendo o PT, que mantinha discurso de punição exemplar nos casos idênticos nos governos anteriores; pouco se ouve falar acerca do Lulinha assumir a direção de uma mega empresa como a OI sem ter capital suficiente para tal, contra a crítica ferrenha de outrora sobre favorecimentos; elege-se uma 'forasteira' política como presidente de nosso país, à despeito de todas as reclamações de uso da máquina e do poder econômico de outras campanhas aonde o PT foi derrotado.

A medida para o peso de nossa justiça parece sempre depender de quem aciona e de quem é acionado. Não há critério específico, nem ao menos interpretação comum das mesmas palavras. Há distorções tendenciosas a todo tempo. Como se costumava dizer na faculdade de Direito, 'Para os amigos, a justiça; para os inimigos, a Lei!'.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Despedidas de Lula?

Quem há de se iludir que o presidente Lula da Silva está realmente se despedindo do poder?
Será que alguém alimenta esta doce ilusão?

Pensemos que a indicação de Dilma Rousself foi no mínimo esquisita, diante de nomes bem mais tradicionais dos quadros do PT como Aluísio Mercadante, Eduardo Suplicy e outros poucos que escaparam ilesos e meio que por milagre de tantos escândalos financeiros e políticos durante esses 8 anos.

Não poderá ser simples coincidência ou pura competência a indicação de Dilma à presidência. Não conseguirei pensar diferente de que é um acordo político ou uma estratégia para um novo mandato Lula daqui a 4 anos. Não me enganarei que ele, Lula, não vá estar por trás das ações e decisões deste 'novo' governo, influindo em tudo e em todos para que se propague essa bolha de popularidade.

Um nome que surge do nada como o da Dilma, me parece a história de um amigo que casou com uma mulher culta e financeiramente mais estável que ele, e da qual se separou  para casar com a amante, com nível cultural mais baixo e sem renda definida, só para poder controlar melhor as situações que seriam de seu interesse.

Esqueçamos os discursos de despedida, os agradecimentos emocionados, as falas nos púlpitos da vida em tom de 'meu povo, já vou!', pois ele não irá!

sábado, 25 de dezembro de 2010

Milícias Políticas!

Todos já ouvimos falar da existência de milícias em nosso país, principalmente na zona rural onde fazendeiros montam pequenos exércitos para protegerem suas fazendas de possíveis invasões. Internacionalmente, a mais famosa é sem dúvida as FARC, Colombiana, e que é responsável por boa parte das piores páginas da história daquele país.

O último aumento dos salários dos parlamentares, agora no descerrar das cortinas do governo Lula, me induziu a uma analogia inevitável: existem as milícias políticas no Brasil!

Sim, existem! Acha que não? Pois olha só: massacram e perseguem os que não lhes são a favor; fazem suas 'justiças' com as próprias mãos e canetadas, independentemente do que o povo possa achar correto; e, de quebra, ainda andam todos com a mesma farda!

Só há uma diferença que é marcante entre as milícias políticas e as FARC: esta tem uma ideologia dominante, enquanto para àquelas qualquer ideologia serve.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Uma unanimidade!

Dizem que toda unanimidade é burra! Sim, já ouvimos muito isso por aí! Digo, hoje, que nem toda!

Temos uma unanimidade que, longe de ser burra, é mais que merecida: Caubyr Machado!

Nos meu 46 anos de vida, nos 50 de meu irmão, nos 74 de minha mãe e nos tantos outros de todos vocês,  nunca se ouviu nada diferente de 'O Caubyr ser um homem justo, honesto, cordial, humano, gentil, humilde, conciliador, pacificador, bom pai e bom marido...', e por aí vai!. Enfim, não há - pelo menos nunca chegou aos nossos ouvidos nem aos ouvidos de nenhum dos presentes aqui, tenho certeza! - opinião diferente ou que denegrisse qualquer conduta dele. Então, uma unanimidade! E uma gentil e correta unanimidade.

Conversando com um amigo, ele me disse que 'o Tio Caubyr foi chamado porque lá em cima o bicho devia tá pegando; a coisa devia tá meio feia, e precisavam da ajuda dele por lá; sabe como é..., pra controlar a situação!'

Tento decifrar este homem com estas poucas palavras exatamente para, se possível, ser fiel à sua simplicidade como pessoa, como ser humano; que considerou a todos como únicos e importantes em si mesmos; que nunca desfez ou magoou a alguém propositadamente; que viu a vida com olhos de quem sempre entendeu seus mistérios e suas complicações e, nem assim, se assustou; que foi sereno em todos os momentos, até mesmo em seus últimos, com a resignação dos fortes e a compreensão dos sábios; que deixou importantes exemplos com seus silêncios, e que fazem enorme barulho dentro dos que com ele conviveram.

Em momentos como estes, sempre lembro de uma frase que nunca me saiu da cabeça - e nem saberia lhes dizer como entrou: 'A tristeza de tê-lo perdido não nos fará esquecer a alegria de tê-lo possuído!'

E é assim, Caubyr Machado: perdemos, hoje, o marido, o pai, o irmão, o avô, o sogro, o amigo, o aconselhador sereno, o complacente criterioso. Mas ganhamos, todos, um anjo provedor e protetor!

Esteja em paz, Caubyr, bem cuidado e cuidando com o zelo de sempre do que Deus doravante lhe incumbir!

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Vejam lindo texto sobre meu pai, carinhosamente escrito por Eveline Machado em http://evelinemmachado.blogspot.com.br/search?updated-max=2011-01-10T18%3A50%3A00-03%3A00&max-results=7
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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

UNE... o que é mesmo!

Se bem me lembro, UNE representava União Nacional dos Estudantes. E se bem me lembro ainda, estudante nunca foi gente que teve lá muito dinheiro disponível.

Imaginando como seria uma sede de entidade estudantil nos anos 60/70, é razoável pensar que não deveria haver lá muito luxo, nem lá muito espaço. Imagino algo meio que improvisado, num prédio improvisado - emprestado por algum simpatizante! -, com móveis improvisados, com equipamentos improvisados, cheio de ativistas voluntários, paredes grafitadas e pintadas com palavras de ordem, charangas e alguma baderna. Bom... desculpem-me, mas é assim que consigo imaginar.

Qualquer que tenha sido a agressão sofrida por esta entidade nos anos de chumbo, acredito que nenhuma explicaria uma indenização de R$ 30,0 milhões hoje, ainda mais se tiver sido apenas a destruição de sua sede, como disseram. O que eles tinham de tão valioso assim que possa ter gerado tamanho prejuízo! O dano moral foi tão gigantesco assim? Fico a imaginar!

De qualquer forma, é inconcebível que uma União de Estudantes possa vir a ter um prédio como o da maquete mostrada na reportagem da Rede Brasil Atual - http://gestao.redebrasilatual.com.br/temas/politica/2010/12/lula-lanca-no-rio-pedra-fundamental-da-nova-sede-da-une - e com projeto de Orcar Niemeyer. É um acinte à boa-fé do povo brasileiro!

E afinal de contas, a UNE ainda é uma entidade estudantil? Ou uma multinacional importante? Ou um partido político, e dos grandes? O que foi que eu perdi? Perdi alguma coisa? Não estou mais entendendo nada!

Cadê esse povo todo!

Somos sempre bombardeados pela propaganda governamental de aumento de matrículas na rede pública de ensino ano após ano, e não se vê qualquer melhora cultural ou educacional em nosso país. Aonde este pessoal todo vai parar, no exterior?

O INEP divulgou hoje que 42,9 milhões de matrículas foram realizadas na rede pública de ensino neste ano de 2010. Some-se a isso o número de jovens que 'concluiu' o ensino médio e ingressou nessas faculdades da vida - que se proliferaram como ratos de esgoto, a sugar detritos das escolas todas e a expurgar escórias profissionais! -; some-se, ainda, os que concluíram este ensino 'superior'; some-se, até, os que ficaram pelo meio do caminho tanto no ensino fundamental, quanto no médio, quanto no superior e que, afinal, aprenderam alguma coisa. Aonde está este povo todo! Porque, então, não se consegue melhorar o nível cultural de nosso país, que, ao contrário, só bate recordes negativos nos índices comparativos de escolaridade nas pesquisas internacionais!

Não há necessidade de ser gênio para tirar uma conclusão óbvia disso tudo: a resposta está no 'o que' e no 'como se ensina'!
O Brasil é o país do 'faz-de-conta': faz de conta que ofereço ensino de qualidade e faz de conta que os alunos estão estudando e aprendendo. Isto basta pra fazer propaganda!

Greve vira moeda de troca desonesta!

Ninguém haverá de pensar que o direito de greve é absurdo. Claro que é legítimo por ser o último argumento de negociação, já que nosso sistema judiciário 'delega' ao próprio trabalhador a obrigação de fazer valer seus direitos, mesmo contra o poderoso capital; como se tirasse de si - o judiciário - o problema.

O aspecto social deve sempre ser lembrado e considerado como importante em qualquer negociação entre categorias profissionais relevantes à população, incluindo-se aí a saúde, o setor bancário, a educação, os serviços públicos em geral, aeroviários, dentre outros.

A greve já anunciada pelos aeroviários para ser deflagrada agora no próximo de 23/12 é uma grande covardia social, um descaso completo e um desrespeito ainda maior com os que 'pagam' os seus salários, afinal. Quantas famílias estarão separadas nesta data por mera 'necessidade' de uns poucos? É correta a escolha desta data? Não será apenas a utilização da desgraça alheia em benefício próprio? Há o resto do ano para isso e com várias datas menos prejudiciais à população e com igual prejuízo aos empresários, tenho certeza.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Esporte aculturado.

Temos alguns orgulhos nacionais para massagear nosso ego de patriota tupiniquim: Pelé, Zico, Acelino Popó, Família Grace, entre outros poucos exemplos, todos esportistas que iniciaram e permaneceram treinando no Brasil e, mesmo assim, brilharam em suas modalidades esportivas.

Não é de agora que atletas das mais diversas modalidades dão apenas os primeiros passos em sua terra natal e escapolem para o exterior na intenção de aprimorarem suas técnicas e treinamentos, lançando mão de profissionais mais experientes e à caça de bons salários. Natural, acho, já que suas intenções são de atingirem níveis que não existem no nosso país, pela falta de tradição na modalidade escolhida ou por falta de gente especializada e apoio, vez que os investimentos aqui sempre são ínfimos em tudo.

Duas coisas me chamam a atenção neste tema.

Primeiro, há uma vibração exagerada e sem cabimento, a meu ver, quando um César Cielo, a exemplo, ganha uma medalha olímpica ou outra prova importante qualquer. Costuma-se lançar mão desse destaque para elevar a imagem do Brasil no esporte. Penso que é fazer cortesia com o chapéu alheio, já que este rapaz, talentoso sem dúvida, não tem do nosso país uma gota sequer de investimento em seu sucesso. Seu treinamento foi realizado integralmente em outro país e nós apenas pegamos carona em suas realizações, aproveitando o fato de ele haver nascido por aqui; apenas por isso.

Segundo, agora no futebol especificamente, há um descompasso entre a arte e as finanças. Explico: um jogador como Ronaldinho Gaúcho aprende a jogar do jeito brasileiro, aquele jeito moleque, debochado, despretencioso, desobrigado com a perfeição e, mesmo assim, é perfeito. Esta sempre foi a maior característica do nosso 'futebol arte', e por estes detalhes é que fomos os melhores do mundo por várias décadas.
Ocorreu uma debandada de bons atletas para os campos da Europa, principalmente, por conta dos altos salários ofertados. Certo, até entendo que o atleta deva aproveitar essas oportunidades de ganhar bem e ver suas habilidades valorizadas. Mas este fato encerra um processo maléfico para o nosso futebol: o atleta é obrigado a adaptar-se ao jeito europeu de jogar e isso substitui a arte moleque dos campos de várzea, por conta do estilo comedido e disciplinado do velho mundo; descaracteriza o nosso jogador e lhe transforma em apenas mais um europeu, não sendo mais um 'brasileiro bom de bola'.
Por conta desta descaracterização é que temos o nosso futebol se nivelando aos dos europeus, africanos, gregos, etc; nivelando, que me perdoem todos estes, por baixo. Deixamos de ser hegemonia no futebol pela simples e natural descaracterização de nosso atleta, que antes era um artista.

Vejo, portanto, que não nos resta outra atitude que não a de fazer nosso atleta optar entre ganhar muito dinheiro em campos alheios ou ficar e ter a grande chance de representar sem país na nossa grande seleção brasileira. Não iria, nunca mais, juntar as duas coisas. Se optasse por ganhar dinheiro, esqueceria de vez as possíveis convocações para a nossa seleção.

Em sendo técnico, não escolheria atletas que foram jogar fora do país para compor minha seleção. Quero o futebol arte de volta, que só existe nos campos de areia das periferias de nosso país e que se traduz em lágrimas nos 190 milhões de devotos. E sei que entre os inúmeros times e trocentos milhões de atletas que temos espalhados por este nosso Brasil, há de se ter 30 excelentes 'peladeiros'.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Devo ter cara de idiota mesmo!

Na cerimônia de diplomação, o Deputado eleito 'Tiririca' declarou que 'já estava estudando a Constituição' para poder atuar com eficiência. Sei... entendo...devo acreditar mesmo nisso?

Para alguém que passou inacabáveis 9hs decifrando uma manchete de jornal escrita em letras garrafais e escrevendo uma frase de 10 palavras, das quais 8 foram escritas erradas, sei que ele deve estar falando muito sério mesmo.

Já inicia com os vícios dos profissionais. Pode não saber nada acerca do exercício do cargo, como declarou em campanha, mas já começou aprendendo pelo tópico que mais interessa: a dissimulação.

Acho, até, que ele nem precisa estudar a Constituição; afinal, muitos dos que lá gravitam há anos nada conhecem dela também!

Mas o Tiririca provou já trazer em si a maior das qualidade dentre a classe política: tratar o povo como idiota!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

ICC - Um patrimônio dos Cearenses!

Cada situação na vida é especial. Umas boas; já outras, nem tanto.

E para essas que não são tão agradáveis assim é que existem instituições que agregam profissionais das mais diversas área, para nosso auxílio e conforto. O que posso fazer é oferecer meu testemunho acerca de uma dessas instituições 'para horas não tão boas assim': o Instituto do Câncer do Ceará - ICC.

Há aproximadamente 6 meses, foi detectado um câncer em meu pai. Desde então, estamos circulando por este instituto, e entre tantas idas e vindas não houve um só dia em que não fôssemos muito bem recebidos, tratados, considerados e atendidos, tanto pelos mais graduados profissionais da área como pelo mais simples servidor.

Por nosso eterno 'sofrimento' em intermináveis filas e por gravitar entre grosserias e descasos de servidores dos mais diversos órgãos públicos de nosso país, é mais que normal a reclamação, o descontentamento, a sensação de descaso, a incompetência, a eterna agressão à cidadania, enfim.

Porém, quanto ao ICC, não há como construir qualquer crítica ou expressar o mais singelo desassossego. Como se de um grande centro fosse, do material ao atendimento, da orientação à execução coerente e segura, da limpeza à alimentação, tudo é do mais alto nível e demonstra um extremo cuidado e atenção com todos os que dele se socorrem.

Fica, aqui, o agradecimento sincero de toda a família Machado, em nome de meu pai e de todos nós que ainda percorremos seus corredores.

Quais os parâmetros de nosso judiciário?

Maluf considerado 'ficha limpa'; contas da Erundina aprovadas pelo TCU após 19 anos de análise; Rosinha Garotinho liberada pela justiça para assumir prefeitura de Campos novamente; Tiririca sabe ler e escrever, após 9 horas de tentativas de interpretar uma simples manchete de jornal; e tantas outras notícias nesta linha nos aparecem todos os dias sem que saibamos bem o que nosso judiciário e órgãos fiscalizadores estão fazendo.

Espanto geral a cada nova manchete! E fico a pensar no que se baseia a justiça no Brasil, se em Leis, se em acordos ou chantagens, se em interesses políticos, se econômicos ou se em todas essas coisas ao mesmo tempo.

Em todas essas coisas ao mesmo tempo, só que não necessáriamente nesta ordem. Ao que parece, a ordem é acordos e chantagens, econômico, político, e, por último, a Lei. Na faculdade de Direito havia uma máxima que dizia: 'Para os amigos, a justiça; para os inimigos, a Lei!'. E é assim em nosso jardim florido chamado Brasil, onde a cada novo ano novas e velhas 'tulipas', com bocas bem abertas e sedentas, nos chegam ao poder, insaciáveis e insandecidas, querendo recuperar o tempo perdido ou ainda não aproveitado.

Botox: A vaidade da morte!

A cultura da beleza protagoniza capítulos lamentáveis, onde até jovens chegam a morrer nas mesas de plásticas e em tratamentos hediondos.

Um desses tratamentos é o 'Botox' que nada mais é que a mesma Toxina Botulínica, enfraquecida em sua atuação mas que é a mesma responsável pelo Botulismo, doença grave geralmente adquirida através de conservas estragadas ou mal acondicionadas.

É inimaginável que, pela simples vaidade - muitas vezes desnecessária mesmo! -, se arrisque a vida com a utilização de uma toxina tão maléfica à saúde. E até sem ter a certeza de quem as produziu e distribuiu.

Pra variar, Ana Maria Braga, em seu programa exibido ontem, dia 15/12/10, e com sua voz de bêbada, omitiu essa informação tão importante em sua 'entrevista' com um médico. Mas não era de se esperar muito mais, tratando-se de um programa fútil e estruturado apenas em banalidades e falta de informações relevantes.

Adote um político necessitado!

Vamos pensar um pouco: quem é pai e mãe sabe que deve orientar seus filhos até que atinjam uma plena cidadania, o que implica saber de seus direitos e deveres e, acima de tudo, respeitar os direitos e deveres dos demais cidadãos. Este raciocínio encerra a certeza de que temos a obrigação de direcionar, aos que pouco conhecem, no bom caminho da honestidade, do caráter, da responsabilidade - inclusive social! -, no empenho com o trabalho, etc.

Por conta disso, lanço a campanha 'ADOTE UM POLÍTICO NECESSITADO!'... necessitado de aprendizado da cidadania mesmo, como falamos acima.

Escolha um político e passe a acompanhá-lo; e insista, como se um filho fosse, em sua boa formação. Cobre-o como a um filho; faça isso incansavelmente, até que ele esteja bem 'formado' para a convivência social. Não se descuide dele. E divulgue as suas cobranças; divulgue seus erros; mas divulgue, também, e como incentivo, seus acertos; tudo como se um filho fosse.

Espero que possamos melhorar nossa classe política, tão enxovalhada pelos maus. E eu já estou escolhendo o 'meu'!

http://bit.ly/dGrVnn

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Separatismo: ainda é a bola da vez!


A celeuma que a Mayara Peluso criou - ou, em minha visão, apenas tirou o véu que sempre o cobriu! - não é apenas a da discriminação contra os nordestinos; vai mais além; vai muito mais além; beira, novamente, a terrível e nefasta empreitada que há anos existe: o separatismo.

O movimento separatista existe há muitos anos, com a mesma alegação dela: a de que o sul e o sudeste "sustentam" o norte e o nordeste. 

Na época que morei em São Paulo tive a honra de ser convidado a participar de um debate em uma rádio acerca deste assunto, e já em 1991 havia forte movimento separatista por lá, chegado do Rio Grande do Sul e catalizado, no caminho, pelo Paraná e Santa Catarina.

Dizia eu, já naquele programa, que eles - sulistas - deveriam voltar para seus países de origem de onde seus avós e pais fugiram pra escapar da miséria e da morte, consequências das épocas de guerra. Refugiaram-se em nosso país (benévolo país) e, agora, passado o desespero, acham-se no direito de reinvidicar uma parte dele, como se alegasse usucapião.

Ora... pois que retornem, então, aos seus países de origem, de onde, na realidade, seus antepassados nunca deveriam ter saido. Se nosso país não lhes serve por suas diferenças regionais, característica inevitável a um quase continental,  que voltem para os seus, que bem sabemos não são mares de tranquilidade. E, diga-se de passagem, essas diferenças regionais que enfrentamos tem muito na conta deles mesmos, que ao longo de tantas décadas elegeram presidentes e canalizaram os recursos federais apenas para desenvolver suas regiões, negligenciando (até de propósito) o norte e o nordeste. De onde, afinal, seria arregimentada a mão de obra barata pra construir suas metrópoles? Para que oferecer boa educação formal para povo nortista que se sujeita a pequenos trabalhos e dos quais tanto precisavam para manter seus estilos de vida européia e asiático?

A ideia propulsora desse movimento separatista é lastreada pelo conceito econômico, não tendo nenhum vestígio de social: deixar de dividir a arrecadação e concentrá-la apenas no sul e sudeste do país, notadamente as regiões de maior produção e geradora de impostos.

Esquecem-se que vivemos numa república federativa, onde toda a riqueza deve ser dividida equitativamente por todos, até, e exatamente por isso, pelas desigualdades sociais herdadas desde nossa colonização.

Vejo este movimento como se alguém fosse passar uma temporada na casa de um amigo, por estar passando dificuldades financeiras e sendo gentilmente acolhido, para, depois, tomar-lhe a casa.

Não necessito nem falar, aqui, do quanto o nordestino é responsável pelo desenvolvimento das regiões baixas do país. Todos sabemos.

O que entendo é que o sul foi e é privilegiado e não pode, agora, simplesmente virar as costas para o norte e o nordeste, tanto mais por haverem conseguido - por seus próprios méritos, claro! - melhorado o nível de suas escolas púbicas, o que ainda é ralo em nossa região. A partir do momento que estivermos em pé de igualdade em investimentos e oportunidades até poderei analisar de forma diferente este assunto. Por agora, vejo uma simples covardia e um nefasto oportunismo.

Portanto, vejo o problema bem maior que o que simplesmente a declaração dessa Mayara encerra. Sinto que o sentimento separatista continua tão aflorado quanto antes, o que nos deve chamar a atenção muito mais fortemente que a simples discriminação racial que ficou mais em evidência neste momento.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

É dela, de quem falo!

Estou eu aqui, em Viçosa do Ceará, preocupado com a saúde de meu pai. Ele não está bem, todos sabemos!

Mas... e minha mãe!

Volto no tempo e lembro de minhas desavenças com ela. Natural, interpreto agora, por minha imaturidade -ou alguma maturidade, nem sei! -,por minhas inseguranças da adolescência, minhas arrogâncias de jovem ariano, minhas certezas de homem maduro, quem sabe! Culpa? Não, não as tenho! Sei que aprendemos com o passar dos anos, com a vida; e como não sabia de muitas coisas, não posso me culpar!

Mas lamento sim, por outras!
Acho, hoje, que fui injusto com ela em alguns momentos, por minhas discussões, por minhas ideias divergentes, por minha impaciência, por não entender muito bem que tudo o que ela queria, almejava de coração mesmo, era nosso bem, nossa união, de toda a família. Sei de sua história e de suas “durezas” na vida. E sei, também, que não é tarde pra reconhecer o seu valor em nossas vidas. Sei que falo por mim, pelo meu irmão e pelo meu pai, tenho a certeza!

Apanhei, fiquei de castigo, chorei, perdi férias; fumei cigarros um atrás do outro, por haver sido descoberto com eles ainda criança; não pude correr da cinta pra não piorar a surra; chorei muito por não poder acompanhar meus amigos em suas noitadas; não ganhei um violão nos meus quinze anos; não tive roupas de griffe como os outros; não pude dirigir aos 16, 17 anos como todos os amigos faziam; tive que respeitar os mais velhos; tive que aprender a tabuada; se chegasse na casa de alguém, jamais poderia mexer nas coisas; tive que comer toda a comida do prato; e, hoje, entendo o por que de cada uma dessas coisinhas.
Lamentei demais a morte de meu irmão mais velho... Imagino, a ela, com a morte dele; imagino, a ela, com a morte de sua mãe; imagino, a ela, com a morte de seu único irmão; imagino, a ela, com a morte de seu pai, mal conhecido!!!

E nem assim esmorece!?!?!

Como pode trazer em si tanta força, tanta garra!!! De onde vem tudo isso, se seu único exemplo de vida foi sua mãe, que há tanto perdeu; se, depois dela, seu novo único exemplo é meu pai, companheiro, zelador que foi de toda uma vida!!! Também, pudera: com exemplos desses...!!!

Há fardos carregados por toda uma vida. Espero, hoje, e de coração, não ser apenas mais um deles.
Mas percebo que sua vontade de viver, de progredir, de melhorar, é muito maior que todas as agruras que a vida lhe reservou, lhe desferiu. Sei que Deus não impele fardos mais pesados do que o que temos capacidade de carregar. E ela é assim: carregadora de fardos sem que os ombros sintam, sem que deformem, sem que desfaleçam. Ela é assim; e gosta de ser assim; e quer ser assim; prefere ser assim!!!

Como poderia, se assim não fosse, enfrentar um casamento desconhecendo o que dele resultaria, sem saber o que devia ser feito por uma mulher? Como teria entendido que deveria recomeçar a estudar após os 40 anos de idade e, seguindo, se formar em Direito, concluindo o curso com méritos maiores que os recém ingressos na idade certa? Como estaria ela, agora, vivendo e enfrentando qualquer coisa que vier sem ter tido uma única orientação de seu pai? De onde viria a vontade de aprender acerca de internet, e-mails, celulares, artesanato? Desafios enfrentados com os acidentes de meu irmão; de minha ausência em sua casa; de netos pouco presentes?

Entendo que sua vida é uma maravilha que Deus concede a poucos: aprender tanto em tão pouco tempo; numa única vida! Ela perceberá!

Seus exemplos estão por toda a parte, em minha vida, na vida da nora, na vida dos netos, nos amigos, no outro filho, mesmo que não seja externado ou aparentem não ser percebidos. Sua conduta é exemplo de mulher ativa; até altiva, de certo; mas, antes, ativa!

Defeitos, claro que os tem! E quem não?
Mas, cuidadora, não passa nada despercebido, seja a viagem da neta, sejam as necessidades dos filhos, seja o bolo que a nora gosta; nem o almoço do carroceiro na porta de casa; se o Louro chegou, almoçou, jantou. Não se desliga das datas nunca: aniversários, casamentos, falecimentos, construção da casa, mudanças de cidade, compra da mobília, nada. Está sempre pronta a tomar a frente das coisas, como se sozinha no mundo fosse - chega até a esquecer que tem filhos que se preocupam com ela. Tem sempre a necessidade de ser mais do que pode, achando que ainda tem idade pra tudo! Ela é assim: indestrutível, turrona, franca, chorona, amável e dura, tudo ao mesmo tempo!!!

E é assim, essa minha mãe: pouco se importa com ela, colocando sua família sempre antes dela própria.

Minha mãe, tenho a lhe dizer: não está, nunca esteve  e nunca estará sozinha no mundo. Desses dois filhos que lhe restaram, cem por cento lhe ama e lhe cuidará para sempre. E de tudo o que a senhora ousar pensar que Deus possa lhe ter negado, seja felicidade, seja tranqüilidade, seja paz, lhe será provado o contrário!!!

Ao final, sei que não poderia, a senhora, estar bem neste momento; nem nós! Mas estaremos juntos, aconteça o que tiver que acontecer... sempre! Somos poucos em nossa família, mas nunca estaremos sozinhos!

domingo, 15 de agosto de 2010

Do lado de lá do Ceará!

Ginásio Santo Tomás de Aquino, bairro de Fátima, colegial em curso; carioca de nascimento, criado em Fortaleza e com o “arre égua” já bem marcado, lembro que ficava angustiado em todas aquelas datas comemorativas como Natal, Ano Novo, Carnaval e férias escolares, quando meus amigos diziam que passariam estes dias em suas cidades; em suas cidades no interior; eles tinham uma cidade deles, das quais eles e suas famílias eram parte integrante!
Eu guardava uma discreta inveja e uma explícita curiosidade de como seria a vida por lá. Eu nada conhecia do lado de lá do Ceará!

Aporto, porém, em Viçosa há 4 anos. Pronto, pensei: tenho agora a minha cidade do interior! E me empenhei em conhecer este outro lado da vida. Finalmente teria a minha chance, após quase 40 anos. Tarde? Que nada!

Nesta cidade pequena, linda, de povo pacato e simples, fui me inserindo aos poucos, conhecendo as tradições antigas e já perdidas; outras que ainda resistem aos novos tempos, todas religiosas; a tapioca, o milho, a garapa; as figuras típicas como o quase centenário Alfredo Miranda, dono do pife mais famoso do lugar; o Zé Músico, responsável que era pelas serenatas nas janelas das moças há até 15 anos atrás – a saúde já não o permite mais; Seu Chiquinho, que se autodenomina Cônsul de Viçosa, e em cujo consulado, misturado com uma venda de cachaça artesanal, todos passam para assinar o livro de visitas e "ter sua permissão para transitar livremente pela cidade”, segundo ele mesmo decreta. Coisas ímpares do lugar, por serem só deste lugar!

Como um metido observador e já me sentindo radicado, passei a tentar entender algumas coisas curiosas que começaram a me chamar a atenção logo pouco tempo depois de instalado.

Não entendia o porquê de, apesar das grandes realizações na área da saúde, divulgadas exaustivamente pelo prefeito em sua rádio particular e única na cidade, com seu brado ecoando da sala ao quintal das casas que atravessam quarteirões; apesar de o hospital ser muito bem equipado e contar com um quadro de excelentes profissionais, ele próprio, o prefeito, e seus familiares, tanto quanto algumas famílias tradicionais, todos sempre se tratarem nas melhores clínicas particulares da Capital; nunca na cidade! Bateu uma curiosidade...!
Acreditem que cheguei a ver pessoas ingratas, de certo, reclamando que faltou este ou aquele remedinho na farmácia da prefeitura. Olha só!

Estranhava o fato de todos os filhos dos diretores das escolas municipais estudarem nas poucas escolas particulares do município; de os filhos do prefeito estudarem no Ari de Sá, em Fortaleza, apesar do maciço investimento em educação realizado e amplamente divulgado pela prefeitura. Que coisa...!

Ficava chateado ao ver que nenhum dos membros das boas famílias da cidade participava dos grandes eventos patrocinados pela prefeitura, sempre organizados com grande esmero e capricho. Poxa, que falta de consideração, não!

Tinha pena ao ver que, apesar dos imensos gastos com a infra-estrutura da cidade, ainda não haviam conseguido evitar que o esgoto escorresse livremente por todas as ruas, em valas pequenas; não conseguiam nem tampar os buracos da cidade; nem, ao menos, conseguiam reformar o prédio da prefeitura, prestes a desabar. Como única solução viável, alugaram um outro prédio, de algum conhecido, para sua nova sede. Lógico, não é!

Hoje sei que passei a conhecer uma cidade do “faz de conta” instalada entre belos jardins e casarões tombados pelo Patrimônio Histórico Nacional; que se faz pelo povo apenas o ínfimo necessário que valha para discursos. Percebi, ainda, que não é “privilégio” apenas deste lugar, mas de todas as cidades, estados e países onde o poder é centralizado pela mesma casta e por um longo tempo.

Mas fazer o que, agora? É a minha tão sonhada cidade do interior. E por ela escrevo!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Roda Viva!

Um dos grandes problemas de nossa sociedade é a roda vida em que ela própria nos envolve: ganhar mais para gastar mais; ganhar mais ainda porque gastou demais!

Esta foi a quebra que fiz em minha visão; este foi o ciclo que quebrei em minha vida. E lhes asseguro que não é fácil: meus amigos ainda são os mesmos, ando nos mesmos ambientes - só que numa frequência menor, claro! -; continuo gostando das mesmas coisas. A pressão social existe sim, mais ainda de nossos prórprios familiares. Mas continuo a ter o respeito e a consideração de todos; da grande maioria, para não errar; de alguns, até mais que antes.

Para se viver com dignidade, não se necessita de tanto assim (eu que penso!). O consumismo desenfreado é que nos impele à sacrifícios enormes, entre estes o esquecimento de nossa qualidade de vida e do bem-estar emocional de nossa família, só pra exemplificar. Em geral, abrimos mão de aspectos importantes de nossas vidas pelo "dinheiro" que se deve ganhar, acumular.

E há coisas impagáveis, que estão inclusas nesta feliz frase da poetisa Glória Diógenes: "Acho que a vida pede passagem para tantas dimensões dela própria, e que ficam esquecidas!".

Há de se definir o que realmente importa a cada um de nós e, a partir desta constatação, agir em direção a elas! Não quero em momento algum insinuar, sequer, que minha opção é a mais correta! Só sei que somos, ao final de tudo, apenas a soma de nossas escolhas!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Ano Oitenta; Oitenta Anos!!!


Oitenta anos de meu pai.

Observo que é um feito incrível se chegar aos oitenta anos hoje em dia, num mundo de tantos riscos, compromissos, sobressaltos, chateações, doenças modernas e antigas. Enfim, quem chega aos oitenta pode se considerar um heróico sobrevivente, apesar da moderna ciência constatar e contribuir com a longevidade. Mas a ciência só cuida; não cria nenhum ser vitorioso!

Tá certo que ele, meu pai, não foi um cara que correu grandes riscos. Acho, até, que o maior deles foi ser carteiro num tempo em que ainda nem havia Pit Buls, mas que o sol já pegava forte. É... jogou futebol no Gentilândia, mas conseguiu escapar ileso dos zagueiros. Nunca fez um vôo livre, nem rapel; nunca usou drogas (exceto o cigarro!); nunca bebeu, nunca pulou de pára-quedas ou mergulhou com tubarões e arraias; nunca fez um cavalo-de-páu; nunca empinou na motocicleta ou andou a 160 p/hora; até hoje, detesta buchada e panelada; não foi um cara de virar noites em farras ou ter que sair correndo dos garçons de bares, dando aqueles famosos “chechos”; nunca namorou com mulher de policial! Correu poucos riscos na vida, é bem verdade!

Lógico que tudo isso favorece para se chegar aos oitenta, claro! Quem pode negar!!!

Mas o que há de verdadeiramente fantástico em ele chegar aos oitenta é por ser uma unanimidade: pela gentileza, pela educação, pela simpatia; por sua honestidade, por seu respeito aos outros, por sua cidadania; pela ajuda aos que necessitam, pelos aconselhamentos, pela cultura. Sim... aí, sim, é fantástico! E exemplo raro!

Defeitos...óbvio que os tem; e quem não? Mas, mesmo com eles, foi e é exemplo pra muita gente, tanto mais para os que convivem amiúde.

Sereno como ele só, chegando às vias da indiferença; só impressão. Calmo ao extremo, parecendo, por vezes, apático; impressão. Econômico nas palavras e gestos, como quem diz “não tenho nada com isso”; impressão. Sempre magro e de aparência frágil, transparecendo pouca resistência; mera impressão: quem o acompanhou no último ano que o diga.

Chega aos oitenta com pouca vitalidade, de certo, mas por sua longa missão já cumprida no que se propôs. Sua família sempre muito bem assistida em todas as necessidades básicas e, até, nas não básicas. Ansioso por achar que faltou cumprir parte dessa missão quando se refere aos filhos, esquecendo que a missão maior foi bem finalizada: são dois – e teriam sido os três – honestos, bons companheiros de trabalho, cidadãos do mundo, cheios de amor pela vida e pelas pessoas; humildes como ele; amigos fiéis e disponíveis; sentimentais, que choram com um filme ou uma música; que vibram com um texto bem escrito; que tem sempre uma palavra de ânimo a quem se chegar. Como não foi cumprida?!?!

Chegamos a esta data festiva com os corações realmente em festa, por Deus nos permitir a vinda no cerco deste que tanto da vida ensinou, mesmo que em poucas linhas: mais exemplos, menos palavras!

Que o que há de vir lhe venha como conforto, como alento e até como refúgio pelo tanto que já contribuiu no mundo. Que se chegue, a ele, o que de melhor e mais singelo puder vir de Deus, por todas as bênçãos que ajudou a proporcionar.

Beijo de todos nós... e dos tantos outros de quem nem ele lembra mais, mas que, de certo, adorariam, agora, poder dar!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Além da música!


Dia nove de Abril. Após uma cerveja rápida com meu irmão em nosso barzinho mais que preferido – O Carlinhos -, eu e a Milla nos entreolhamos e nos perguntamos quase que ao mesmo tempo: “E nós, vamos fazer o que agora?”.
- Pai, vamos lá no Vila Camaleão? Você vai gostar, tenho certeza!

Ela já havia ido a este local outras tantas vezes e eu sempre curioso quanto a quem frenquentava este lugar, o que rolava por lá, qual a temática do bar, o clima que imperava entre os adeptos, enfim, curioso como qualquer pai estaria e pelos mesmos motivos.

Chegamos por volta das 23hs e juntamente conosco, meio que já atrasado, o maior violonista desta cidade em minha opinião: Tarcísio Sardinha. Poxa... será que ele iria tocar também? – pensei! E, realmente, ele se misturou a uma pequena trupe que já estava no palco a sua espera e se deu início aí a uma das minhas maiores surpresas – e das boas!

O público básico deste “Vila Camaleão” está na faixa dos 16 aos 26 anos de idade, no máximo. Claro que eu, com meus 45, fiquei num cantinho bem escondido perto do palco; no gargarejo mesmo!

Localizado numa área de grande badalação entre os jovens, com várias boates psicodélicas, de muita gente no meio da rua com seus sons potentes nos carros a disputarem quem faz mais barulho, este destoa completamente de todos os demais, apenas pelo seu estilo musical: samba... apenas samba; nem pagode vale; apenas samba da melhor qualidade e de nossos maiores expoentes tipo Paulinho da Viola, Cartola, Adoniran Barbosa, Chico Buarque de Holanda, Toquinho e Vinícius, Gonzaguinha, Noite Ilustrada entre tantos outros.

Ví “crianças” cantando emocionadas – com as letras na ponta da língua - sambas como “Regra três”, “Vai Passar”, “É”, “Trem das Onze”, como se estivessem numa apresentação dos “Back Street Boys”, “You 2”, “Guns N' Roses”, ou sei lá mais quem faz sucesso entre eles hoje em dia. Numa situação completamente inusitada, cheguei a ver uma jovem chorando enquanto cantava – a plenos pulmões e com os braços levantados como quem agradece a Deus – o samba enredo “Um lençinho”, acreditem! Fiquei emocionado! Vi a mim há alguns anos atrás! Eu também já senti esse imenso prazer! Aliás, até hoje fico arrepiado ao ouvir algumas músicas! Choro as vezes, confesso! Eu e a Milla!

Percebi, aí, a notável mudança de comportamento que está em curso entre eles, jovens, benéfica que é e que nós pais tanto tentamos incutir em suas cabeças ao longo dos anos; uma verdadeira involução; sim, é isso mesmo; uso este termo por não encontrar outro melhor para tentar traduzir o retorno à valorização da música brasileira, da melodia bem construída, da poesia em cada letra; nossa real música popular, que perde espaço para chavões meramente comerciais e que nos fariam um enorme favor se não contivessem letras.

Encontrei diversos pequenos grupos de jovens reunidos em torno de suas mesas dançando, cantando, todos interagindo sem disputas, sem rusgas, sem agressões mútuas, numa diversão sadia, comportada, amena, amiga, reunidos em torno do mesmo bom propósito que era ouvir, dançar e cantar boa música; nada a mais!

Que alegria perceber que isso está de volta, que volta a existir; como no meu tempo, como na minha juventude era, como vivi há tempos atrás e que tenho orgulho de ter vivido. Conto constantemente à minha filha como nos divertíamos entre amigos, sem sustos, sem riscos, sem receios. Diversão segura e tranqüila, sem grandes excessos e cercado de pura alegria e de boa gente, sempre!

Parece haver, entre eles, um tipo de saudade do que não foi vivido, talvez pelo tanto que falamos e mostramos com nossos diversos exemplos de amizades com mais de 30 anos. Sabemos, hoje, que esta amizade quase anciã que sempre nos uniu advém do que vivemos em nossa juventude, dos inúmeros finais de semana vividos juntos e sempre muito sadios, em torno de músicas como estas que eles voltam agora a valorizar; dias em que pudemos nos divertir sem os riscos dos ambientes pesados que são uma febre hoje entre eles; de saber que a música influi diretamente no estado de espírito das pessoas e que podemos ser anjos ou demônios, dependendo do que escolhamos ouvir!

(Foto: Camilla Machado.)

quarta-feira, 24 de março de 2010

Não se pode saber de tudo!

Lembramos de muitas coisas que fizemos quando criança, jovem, adolescente e até adultos. Claro! Memória é algo muito seletivo e sempre selecionamos o que nos marca nas experiências tanto boas quanto más, como o primeiro beijo ou o dia em que matamos a primeira aula, a primeira namorada, aquele filme impróprio que conseguimos assistir com amigos – justo naquele mesmo dia em que matamos a primeira aula -; enfim, a primeira vez em quase tudo.

Apesar de nunca haver dado muitas preocupações a meus pais, cometi alguns graves erros imperdoáveis dos quais também lembro bem – já se vão 45 anos, e em 45 anos se comete uma infinidade de erros inevitavelmente, tanto mais no início deles; afinal somos humanos e imaturos espiritualmente, em geral!

Saber tomar esses erros como lição é, isso sim, a melhor forma de se amadurecer, de evoluir, de se engrandecer como pessoa e espírito. Se fizermos força para lembrar apenas dos nossos acertos, levianamente estaremos nos eximindo de nossa própria evolução.

Tudo isso ganha maior importância quando se tem filhos. Tentamos – e muitos tentam muito mesmo! – evitar que eles (filhos) saibam do que “aprontamos” quando jovens ou adolescentes. Óbvio, já que esperamos sempre que eles evitem passar pelo que passamos ou que façam com seus pais o que fizemos com os nossos! Que egoísmo; quão comodismo!!! O pior é que nos esforçamos nisso sempre na tentativa vã de evitar que eles repitam ou peguem como exemplo o que fizemos de errado, com o receito de que nos copiem. Ledo engano nosso: eles jamais repetem os mesmos erros da mesma forma; até cometem os mesmos erros, mas nunca da mesma forma; são sempre mais criativos, mesmo que nem tomem conhecimento de nossas histórias! É até incrível como conseguem isso!

De qualquer forma, essa é a lógica de nossa sociedade, de nosso comportamento, do nosso tempo. É natural que ajamos assim. E nunca conseguiremos agir diferente disso.

Esquecemos, por vezes, que assim como nós fomos criativos em nossa época para escondermos algumas coisas de nossos pais, assim também são nossos filhos, sagazes, sabedores do que somos e de nossas rotinas, conhecedores – o mais preocupante - de novas tecnologias e formas de agir sem que saibamos, o que para nós, pais, sempre nos trarão grandes surpresas.

Não somos diferentes de nada disso, eu e minha esposa. Ao contrário, hoje sabemos que somos muito comuns como pais de filha adolescente – e que já se acha muito adulta e madura. Aliás, conhecem algum adolescente assim!?!?!

Peça nova, peça antiga...; de algumas, até lembramos; outras nunca nem imaginamos! É assim mesmo! Tenho certeza, hoje, que meus pais pensaram da mesma forma que penso hoje, só que com fatos diferentes, com tecnologia inferior, com artimanhas menores, nos dando menos liberdade. Claro: também estamos ficando mais espertos e sabidos, como pais, a cada geração! Mas, infelizmente, nunca estaremos no mesmo compasso que nossos filhos. Lamentavelmente informo a todos!

Estávamos, até ontem, certos de conhecer muito nossa filha; hoje temos a certeza de conhecer menos do que imaginávamos; amanhã desconheceremos quase que totalmente! Será!!! Que coisa! Como pode! Isso é natural?

E o que fazer, então? Manter imutáveis nossos conceitos e o que somos? Alterar o que sentimos e entendemos como correto? Deixar de lado os antigos conceitos e absorver todos os novos, que se mostram ainda muito ineficazes?

Sei lá!!! Como saber!!!

Sei, hoje, que estamos nos adaptando a cada novo dia, e nos surpreendendo a cada nova atitude. Incluo nisso boas e más atitudes, de certo!

O que não deixaremos de fazer nunca é de amar incondicionalmente e trabalhar sempre para fazer nosso melhor, seja em relação a ela, seja em relação a nós, seja em relação a todos nós! Somos uma família e isso é mais significante que qualquer preocupação, decepção ou acepção que se venha a ter do verbo amar. E nisso está incluso até a dureza em algumas atitudes, o que também se pode traduzir em “amor”! E quanto mais deficiências detectarmos em nossos filhos, tanto mais teremos a certeza de que nosso trabalho ainda não terminou, seja em que fase da vida for!

Estaremos sempre atentos a tudo, mais ainda ao comportamento e as amizades, pistas importantes de no que estão se transformando nossos filhos!