quarta-feira, 29 de julho de 2009

A Verdadeira Revolução.

“Enquanto não conquista o poder, o grupo político ou partido é generoso, humanitário e progressista, tudo promete e tudo admite. Quando assume o poder converte-se em governo e, assim, passa a ser reacionário às mudanças, conservador em seus atos e cruel com seus oponentes.”
Nicolau Maquiavel (O Príncipe – 1513)

Não se pode ignorar que a política interfere diretamente na vida de todos nós, marcando sua presença via força do poder e, antagonicamente, pela negligência com os atos dos seus apadrinhados.

Ouvi certa vez que nós, povo, só levamos alguma vantagem nas decisões políticas em nosso país quando por um grande acaso calham com os interesses pessoais de nossos políticos ou partidários. Caso contrário, sempre perdemos. E vejo que essa forma de gerenciamento da minha vida perdeu a graça, deixou de ser interessante, passou a incomodar; vai ver pela idade que chega, pela intolerância típica dos maduros, pela exigência de respeito que se aprende a cobrar com o passar dos anos.

Esse modelo quase afrodisíaco para nossos políticos, que se deliciam com o sadismo com que nos tratam, esgotou-se, consumiu-se, implodiu como um buraco negro engolindo toda e qualquer luz que havia no final do túnel. Descuidam-se, a meu ver, os que apelam para a velha “torcida a favor” de que tudo vai mudar, vai melhorar, de que chegará o momento em que eles deixarão um pouco da fatia para nós. Acabou; chegou; parou!

Vejo com muita apreensão os tempos que hão de vir. Não acredito em qualquer mudança. Sai grupo e entra grupo e nada de avançarmos social, ética ou moralmente; nem um passo sequer.

Acredito ter pouca informação para sugerir mudanças coerentes e viáveis. Talvez por isso mesmo muitos me rotulem utópico, sonhador, desconectado da realidade em meus conceitos e idéias.

Não consigo ver como natural, por exemplo, que alguém seja candidato a um cargo eletivo e não queira dar lugar a outro depois de algum tempo. Acredito que nenhum de nossos políticos tenha idéias boas e justas, socialmente falando, o tempo todo. Acho, mesmo, que durante qualquer mandato há no máximo meia dúzia de projetos realmente benéficos à população sugeridos por cada um desses políticos, em qualquer das esferas.

Ninguém é obrigado a ser candidato a nenhum cargo eletivo; nunca soube desta imposição legal. Se alguém é candidato ao cargo de vereador, a exemplo, é por entender que tem algo a fazer em prol de uma comunidade, a favor da melhoria de vida dos cidadãos de uma determinada região. Vejo como uma atitude realmente altruísta. E por esse raciocínio é que sou radicalmente contra reeleição para qualquer cargo: cumpriu seu papel, favor dar a chance a outro! E se por um acaso o que saiu tiver mais alguma idéia, além das seis de sua cota e que seja realmente boa para a população, que a sugira ao que seu lugar assumiu e apenas colabore para que este realize incríveis sete. Qual o problema; não estamos falando de um benefício social, comum a todos? De que importa quem dá o pontapé inicial no projeto?

Na mesma linha, e altruísta que é o cargo ou função política na minha visão, me parece que nada é mais óbvio que manter o salário atual do eleito nos limites do que já percebia antes da vitória nas urnas, tomando por base suas declarações de imposto de renda. Ora... se eu ganhava mil reais por mês exercendo meu humilde cargo de professor secundarista, quando eleito continuarei a viver no mesmo padrão que antes, apenas desempenhando temporariamente uma função diferente. Meu cargo de professor estará garantido para quando meu mandato expirar. E... se eu era um desempregado sem qualquer ganho e sou eleito, passo então a ganhar um salário mínimo nacional.

Entendo que pequenos e trivias conceitos como estes fariam uma verdadeira revolução em nosso país, exterminando de uma vez por todas o câncer social chamado político profissional, que após sua meia dúzia de projetos eminentemente sociais passa a trabalhar exclusivamente em proveito próprio e dos seus, disfarçando de boas as intenções mesquinhas que fundamentam todos os seus demais projetos.

Se formos um pouco mais além nas divagações, constataremos que não deveria ser admitido centro, direita ou esquerda. Quais as funções dessas facções políticas senão a velha e podre disputa de poder e o jogo de interesses particularíssimos, como preconizava Maquiavel ainda no século 16! Não podemos falar, pelo menos em nosso país, em ideologia partidária; nada mais é que uma fachada deteriorada a justificar a briga das vaidades e a locupletação explícita.

Falemos, e porque não, de quebra de sigilo telefônico no congresso e no supremo! Sigilo? Eles não são nossos empregados? Deveriam ser instalados megafones externos em todos os prédios públicos a divulgarem abertamente todas as conversas. Não estão trabalhando a nosso favor? Porque, então, segredos? Chega da hipocrisia das tv’s senado, câmara, cafés da manhã na rádio, entrevistas quase ensaiadas e discursos melodramáticos nos púlpitos da vida.

Nosso câncer social – o político profissional - deve ser extirpado, sob pena de nunca mais termos nosso país em nossas mãos.

2 comentários:

  1. Sou contra o "mau político" profissional. Mas, se os propósitos são nobres e não são corrompidos ao longo do caminho (o que é raro), a experiência é importante como em qualquer profissão. Do contrário, a gestão de um país estaria sempre nas mãos de principiantes. Não seria um risco? Apesar de tudo, entre perdas e danos, estamos recebendo hoje um Brasil melhor.
    É só uma questão de ponto de vista!
    (Parabéns pelo texto)

    ResponderExcluir
  2. Cris...
    Adorei a lucidez do comentário.
    Acho que meu desespero é por entender que estamos todos muito mal representados, e há muito tempo.
    Os sérios, raros como vc diz, e é verdade, são bicotados em suas boas intenções.
    Obrigado pela visita e comentário edificador!
    Grande abraço!

    ResponderExcluir

Sua participação é importante para o desenvolvimento deste blog.
Poste seu comentário.
Obrigado por sua visita e participação.
Valcir Machado